Que venha o domingo!

Por Cris de Luca

Eu queria falar de algo leve, contar um pouco mais sobre a experiência do YouPix Con, das minhas conversas com pessoal de agência em São Paulo, de estar em Salvador para levar a palavra da Social Media com o Share e a Ana Carvalho, de como tenho visto muito coisa se transformar e como eu estou novamente num processo de pensar muito sobre o que fazer pós-TCC, que está meio empacado porque não consigo parar para pensar nele. Mas não tem como. Principalmente, a uma semana do primeiro turno das eleições e de um final de semana marcado pelo movimento incrível em torno do #elenao em todo País.

Infelizmente, não consegui participar de nenhuma reunião porque estava em sala de aula lá na Bahia. Mas ao olhar a minha timeline, quase comecei a chorar várias vezes. Ao ver o povo chegando na Redenção por aqui, o pessoal saindo dos metrôs no Rio, a multidão no Largo da Batata em São Paulo, a mulherada de lilás no Centro de Criciúma. Foi um dia para ser e ficar registrado por todos. Só que não saiu quase nada nos veículos tradicionais de comunicação. A movimentação nas redes sociais foi linda, mas porque raios os veículos não fizeram cobertura?? Isso é uma discussão muito maior e que não cabe aqui por enquanto.

O que alguns não conseguiram entender sobre esse movimento é que não é contra o candidato como pessoa, mas sim a tudo que ele representa e prega por aí. Não é um movimento apenas em prol das mulheres. É por todos, como escrevi outro dia no Twitter. É por pais, mães e filhos, é pelas mulheres que não querem ter filhos. É por héteros, gays, bis, trans, não-binários. É por brancos, negros e índios. É por liberais, comunistas, socialistas, progressistas, por quem diz que não quer saber de política. É pela democracia, pela liberdade de expressão, pela liberdade de ser quem se é. A gente apenas quer viver a nossa vida sem medo. E, não, não vai ser armando a população que o Brasil vai ficar mais seguro, nem colocando o exército na rua, vide intervenção militar no Rio de Janeiro.

Mas acho que o mais importante neste momento, até porque minha posição nesse caso já tinha comentado há algumas semanas, é evitar (o que é bem difícil) antecipar o segundo turno, antes mesmo do primeiro acontecer. Quem conhece um pouco sobre campanhas eleitorais sabe que são partidas a serem jogadas completamente diferentes. Quando os candidatos passam a ter o mesmo tempo de exposição, principalmente, na TV, muita coisa pode mudar. Então, sugiro que vocês façam sua escolha neste primeiro turno para governador ou presidente, sim, lembrem que temos outros para eleger além do comando do País, de forma consciente e de acordo com suas convicções. Tentem não antecipar o este contra aquele porque temos outras opções. O certo é que sou qualquer um contra o Coiso.

Lembrem de escolher bem os deputados estaduais e federais e os dois senadores. Estes votos também precisam fazer sentido para vocês. São eles que irão facilitar ou dificultar a vida de quem está no Executivo. São eles que de alguma forma colocam o País nos trilhos ou fora dele. Algumas ações podem ser feitas diretamente pelo chefe do Executivo, mas, normalmente, precisa de apoio do Legislativo. Evitem o voto de legenda (diz a criatura que sempre preferia a legenda a um ser), porque as regras mudaram e pode não dar bom.

Confesso que neste ano estou demorando bem mais para escolher meus candidatos. Talvez eu vote na mesma deputada estadual da última vez porque ela defendeu uma bandeira, segue com ela e fez um bom trabalho. Ou vote numa candidata que nunca imaginei votar, mas sei que vai fazer um trabalho forte pelas mulheres. É certo que vou mudar o voto para federal porque me decepcionei com algumas atitudes da minha deputada e vote numa candidata que faz um trabalho incrível com sua fundação por aqui. Para Senado, um voto já está escolhido e outro é bem provável que seja numa mulher mesmo sabendo que pode ter poucas chances de ser eleita.

Desde a eleição passada, ando bem triste e desiludida com a política. Em 2016, foi a primeira vez que parei na frente da urna e não sabia o que fazer. Sempre votei pela pessoa e não pelo partido. E também foi a primeira vez que inverti essa lógica. Ainda temos uns dias para pensar bem. Muitos ainda estão indecisos sobre em quem votar ou já resolveram que irão votar em branco ou anular o voto. Para esses, recomendo verem o vídeo que o Buger King colocou há pouco no ar, porque vai fazer vocês pararem para pensar um pouco que votar dessa forma não é protesto, porque afinal, os votos serão invalidados de qualquer maneira. Para mim, é apenas se eximir da responsabilidade de escolha. E depois não dá para reclamar.

Então, vamos com calma nessa semana. Vai ser difícil? Vai! Vai ter apelação de todos os lados? Vai. Tentem fazer o que vocês acham melhor para a sociedade como um todo. É importante votar em quem defende as coisas que a tua bolha acredita? É, mas lembrem que a gente não vive dentro deste espaço e que tem muito mais gente do lado de fora dela do que dentro. O futuro de todos nós depende de apenas alguns toques na urna eletrônica. Que venha o domingo! E que a Deusa nos conduza e nos proteja até porque vou votar com camiseta #elenao. Oremos!

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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