Sobre ouvir o silêncio

Por Grazielle Araujo

Nosso governador do Estado, Eduardo Leite, em seu pronunciamento na tribuna do início do ano Legislativo, ao ser vaiado por alguns manifestantes nas galerias do plenário, destacou a legitimidade do ato, mas lembrou que também gostaria de ouvir o silêncio da maioria. Baita frase. Não foi à toa que foi capa de diferentes veículos.

Foi então que me peguei pensando em quantas vezes a gente não ouve o silêncio. O nosso, os dos nossos e o dos outros. Muitas vezes é por não nos darmos conta de que o não fazer barulho acaba não chamando mesmo atenção.

Silêncio nunca me acompanhou muito, pela profissão que escolhi, por vocação, mas, principalmente, por ser alguém sempre tão comunicativa. Mas, depois de ouvir a colocação de Eduardo Leite, ontem, decidi escrever este texto para marcar um novo início, o de realmente (tentar) ouvir o mundo que está no mudo. Como? Ainda não sei. Cabe ressaltar que não estou dizendo que farei parte desse mundo, promessa impossível para uma tagarela nata.

Talvez esteja no brilho dos olhos - ou na ausência dele. Na respiração profunda, no balançar da perna ou até numa mera bocejada. Pode estar na música alta que não é cantada, na oração que ninguém te vê fazendo ou nos infinitos projetos que se misturam dentro da mente.

Calar, por vezes, também é uma estratégia. Já atendi clientes que me contrataram para não aparecer, eu juro. Quando precisavam falar, era bucha na certa. Foi difícil no início para entender as razões, mas, olhando para trás, entendo que foi uma sábia decisão. Estranho, né?

Nem sempre quem cala consente. Já ouvi um ditado que ensina que o "calado vence". Observar e agir na hora certa é um ensinamento para vida e para assessorados. Quando não há nada de novo para dizer, não vamos nos tornar repetitivos. E na hora de botar a boca no trombone (ou no microfone), que possamos ter cada vez mais mensagens verdadeiras e dignas de capas de jornais.

 

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

Comentários