A fábula do dinheiro fácil

      Volto hoje a um assunto que há tempos não abordo: o marketing esportivo.       Os clubes de futebol brasileiros estão, em sua totalidade, preocupados c

      Volto hoje a um assunto que há tempos não abordo: o marketing esportivo.
      Os clubes de futebol brasileiros estão, em sua totalidade, preocupados com suas finanças. O modelo em que um carro-forte cheio de milhões de dólares aparecia no estacionamento do clube não existe mais. Em 1999 e 2000, entraram muitas empresas no Brasil, oferecendo aos clubes mais e mais dólares, formando as chamadas parcerias. Este modelo terminou não se revelando tão rentável como estas empresas imaginavam e ainda por cima houve o episódio da quebra da ISL, uma gigante do marketing esportivo e que no Brasil tinha parceria com Grêmio e Flamengo.
      Frente à falta destas empresas (quase todas, inclusive, deixaram o Brasil) para injetar seus recursos, a crise no mercado publicitário, o atentado de 11 de setembro no World Trade Center e a crise na Argentina, entre outros acontecimentos, o cenário se tornou bastante difícil para os clubes.
      A Copa Libertadores da América deste ano esteve ameaçada de não ser realizada, em função de a empresa que detinha os direitos de comercialização não ter encontrado compradores para suas cotas de patrocínio, devido à crise argentina, segundo os diretores desta empresa (TyT).
      A Rede Globo enfrentou dificuldades para vender as cotas de patrocínio da Copa do Mundo Coréia/Japão 2002. Também a Globo está chiando de pagar o que paga aos clubes por campeonatos mal organizados, dirigentes arrogantes e atletas sem profissionalismo.
      Além disto, as empresas que patrocinam clubes (através da exposição de suas marcas nas camisetas) estão sendo muito mais exigentes: querem mensurar em centavos o retorno obtido pelo seu investimento.
      Ou seja, o dinheiro "fácil" acabou. E os dirigentes dos clubes começam a se desesperar, pois resta apenas uma fonte de renda importante dos clubes: a venda de jogadores. Não é verdade.
      A verdade é que em situações de crise como esta, em que os clubes enfrentam dificuldades reais, é que surgem soluções criativas e importantes. Porém, estas soluções exigem, como premissa, a profissionalização das administrações dos clubes. Setores cruciais como marketing, administração, finanças, entre outros, precisam indispensavelmente ser profissionalizados. Através de profissionais qualificados, será encontrado o caminho definitivo para os clubes.
      Este caminho envolve deixarmos de ter e depender somente de grandes fontes de renda: venda de atletas, patrocínio de camiseta e direitos de TV. Passaremos a um novo modelo, com muitas iniciativas que representem pequenos lotes de faturamento, totalizando um valor significativo. Exagerando, posso dizer que os clubes passariam a praticar economia de escala. Múltiplas e pequenas ações, com resultados não astronômicos, do ponto de vista financeiro, resultarão num equilíbrio financeiro aos clubes.
      Uma abordagem prática: como os clubes gaúchos, principalmente Grêmio e Internacional (com 6 e 4,9 milhões de torcedores cada um, respectivamente, segundo pesquisa do Ibope 1998), não conseguem tornar a paixão de seus torcedores em fontes de renda? Respondo: não utilizando técnicas modernas, não gerando bancos de dados, não utilizando nenhuma ferramenta de marketing direto, não fazendo CRM. Parece incrível que os clubes não dêem a este assunto a atenção devida. Que empresa não daria tudo para ter tantos consumidores e, principalmente, com a garantia de que jamais trocarão de marca?
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