A politização da violência policial
Por Renato Dornelles
A violência, com letalidade, nas ações da Polícia Militar paulista parece seguir um caminho rumo a um perigoso descontrole. Um caso após outro repercute não só no país, como no Exterior, provocando uma imagem negativa, manchando a história da corporação e gerando, ao mesmo tempo, uma perigosa sensação de que fazer o errado é o certo.
Já houve o caso do homem atirado de uma ponte, de um jovem morto pelas costas, com 11 tiros, após furtar um sabão, agora de outro jovem morto na frente da mãe, todos praticados por policiais militares de São Paulo. Aliás, desde que o atual governo do Estado assumiu, houve um aumento de 46% na letalidade da PM paulista.
Evidentemente que não deve haver uma pregação para que os PMs hajam desta forma. Mas discursos que falem em "linha dura", "dureza", "rigor desproporcional" tendem a incentivar ações que extrapolem o previsto para ações policiais.
Ainda mais quando há politização ou tentativas de uso político de questões relacionadas à segurança pública. Em meio à polêmica da violência policial, um partido político, que nem mesmo é o do atual secretário da Segurança Pública de São Paulo (que se encontro no centro dos debates), já anunciou que pretende apoiá-lo para o governo do Estado ou para o Senado, nas próximas eleições.
Oportunismo puro. Pregar o cumprimento da lei deveria ser a bandeira de qualquer partido que se diga defensor da população. Mesmo que a violência policial não seja responsabilidade direta do secretário, o anúncio do apoio a estas alturas deixa clara a intenção do partido político de querer lucrar às custas da violência policial que, na ilusão de muitos, é a solução para os problemas da criminalidade.