A Sociedade em Rede #sqn

13/10/2017 18:52

No final do século 20, a partir da base material fornecida pela revolução da tecnologia de informação, surgiu uma nova sociedade que Manuel Castells, sociólogo espanhol, chamou de sociedade em rede. Ela é um novo formato de organização social, baseado em um novo paradigma econômico-tecnológico informacional, que se traduz não apenas em novas práticas sociais, mas em alterações da própria vivência, de espaço e do tempo como parâmetros de experiência social.

Esse novo modelo de organização da sociedade, em que já vivemos hoje, é sustentada por uma economia que tem três características fundamentais: é informacional, global e em rede. Pois bem, no Rio Grande do Sul, Estado que nasci e, depois de muitas andanças, escolhi para viver, lideranças empresariais e políticas ainda choram em diferentes fóruns a saída do centro de decisão de várias corporações do nosso Estado. Essa discussão se reascendeu a partir da decisão anunciada nessa semana pela Gerdau de mudar sua diretoria para São Paulo.

Pois bem, para mim, esse é o tipo de debate reacionário, que não traz nada de positivo. Hoje, criamos nossas empresas, e também nossos filhos, para serem globais, informacionais e viverem em rede. Como podemos chorar a mudança geográfica de comando de uma empresa que, justamente para se adequar aos novos modelos dessa sociedade em rede, se movimenta dentro de uma lógica e dinâmica possível?

Segundo o professor Castells, e eu concordo em gênero, número e grau, na economia informacional, as organizações bem sucedidas são aquelas capazes de se adaptar à geometria variável, sendo flexíveis o suficiente para transformar seus meios tão rapidamente quanto mudam os seus objetivos. sob o impacto da rápida transformação cultural, tecnológica e institucional.

Ao invés de chorar a transferência geográfica de comando da Gerdau, deveríamos aplaudir o esforço genuíno de uma gigante da produção de aço se movimentando, e já está há alguns anos tentando se adaptar aos novos tempos da sociedade em rede.

Poderíamos, ao invés de lamentar as eventuais movimentações das empresas gaúchas, apoiar as diferentes expressões de inovação presentes no Estado como os ecossistemas de startups, os coletivos criativos ou os parques tecnológicos. Posso garantir que vai doer muito menos e sair bem mais barato, já que inovar, no novo modelo de sociedade, é a única forma de se manter competitivo.

Por fim, o mais esquizofrênico disso tudo é que lideranças do nosso Estado querem efetivamente trabalhar pela construção de uma verdadeira sociedade em rede, mas com um reparo: desde que seja gaúcha.