A TV ao vivo disputa espaço com o streaming

Por Elis Radmann

Em termos de hábitos de consumo de mídia, está em curso a ampliação da utilização do produto televisão. Com o aumento da oferta dos serviços de streaming em diferentes plataformas de entretenimento, os filmes e as séries estão motivando a ampliação de assinaturas, que já estão presentes em quatro de cada dez casas e estimulam a retomada da relação com o "equipamento televisão."

Quando o tema é informação e/ou programação esportiva, a televisão aberta é o principal canal de preferência, nos diferentes segmentos sociais, com uma média de uma hora diária de atenção à tela. Os que excedem 3 horas em frente à televisão convencional são os que têm mais tempo disponível e gostam de assistir a programas sozinhos ou com a família, com destaque às telenovelas, programas de entrevistas e de auditório.

Quando o assunto é entretenimento, a televisão por demanda é vista como um momento de lazer ou até de cultura. Tem aumentado a preferência por séries, ao ponto que é comum nos bate papos entre as pessoas a troca de dicas sobre as séries do momento. Além disso, o algoritmo que controla as plataformas de streaming capta e sistematiza as preferências de seus telespectadores, passando a ofertar outras séries que se encaixam no perfil do usuário, dando a sensação de que a plataforma de streaming proporciona uma experiência customizada ao assinante.

É importante registrar que as novas tecnologias disponibilizadas pelos aparelhos de televisão potencializam a navegabilidade em uma variedade de plataformas de streaming, especialmente o YouTube. A população, que apreendeu a utilizar a internet no smartphone, está desenvolvendo a habilidade de "navegar no aparelho de televisão".

Pesquisas nacionais realizadas no segundo semestre de 2024 indicaram que o YouTube disputa a audiência com a televisão aberta, quando se analisa os diferentes tipos de telas, como TVs conectadas, desktop, celulares, tablets entre outras plataformas de acesso.

E essa flexibilidade de uso do aparelho tem favorecido o maior consumo dos conteúdos do produto televisão, tendo em vista que muitos canais de TV aberta oferecem a transmissão ao vivo de sua programação via celular. Isso faz com que o usuário possa assistir ao telejornal durante o trajeto de ônibus ou do metrô.
O mesmo fenômeno ocorre com as séries, especialmente nas plataformas que permitem ao usuário baixar o episódio de preferência e assistir offline, inclusive durante voos prolongados.

O consumidor de mídia está cada vez mais consciente e ativo em suas escolhas, diminuindo o tempo de navegabilidade nas redes sociais e ampliando as suas escolhas e experiências pessoais.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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