É dura a vida de escritor que banca seus próprios livros. A produção gráfica de livros está muito facilitada, mas tem seu custo. No meu caso como autor independente a despesa vem sempre antes da receita e aí começa a ansiedade sobre a receptividade no lançamento. Já nem falo na energia gasta em todo o processo. O primeiro desafio é vender um número suficiente de exemplares que possa cobrir o investimento inicial.
Os custos principais são dois. O primeiro é o da edição, que compreende o projeto gráfico, a editoração, a revisão, a arte da capa e ilustrações e a catalogação, incluindo o tal ISBN, traduzido por Padrão Internacional de Numeração de Livro (O Kamadutra (...), por exemplo, recebeu a numeração 978-63-86152-44-9, uma espécie de certidão de nascimento da obra). Nessa etapa tem que ser humilde e aceitar as observações da revisora jovem, conectada com as modernidades tecnológicas, porque coloca o texto no drive da nuvem que a gente não faz ideia de onde fica.
Depois vem a despesa da gráfica, que varia conforme o número de páginas e de exemplares. Menos mal que nesse caso tem margem para negociação e gráficas que prestam um ótimo atendimento. Pelo menos não tenho queixas.
O grande momento é quando se manuseia e cheira o livro impresso entregue pela gráfica. Aí começa a ansiedade que antecede o lançamento e a busca de espaços para promover o grande dia. As redes sociais ajudam na divulgação e o envio de convites aos amigos funciona. Quanto aos espaços na mídia reconheço que têm sido generosos e até estou pegando o jeito de dar o recado.
Então chega o grande dia e a ansiedade relativa do ar vai ao limite. Deixo os livros no local da sessão de autógrafos (usualmente o Chalé da Praça 15) na véspera e convoco a Vanessa Correa para o atendimento e a venda. Chego cedo para o lançamento porque sempre tem quem se adiante para se livrar do compromisso, como faço, aliás, quando vou a sessões de autógrafos de outros escritores. Quem chega cedo tem direito a um autógrafo mais caprichado, o retrato e até a um bate papo.
Felizmente tenho família grande e muitos amigos, por isso o quórum das sessões de autógrafos é garantido sempre. Às vezes, tem até fila à espera dos meus garranchos. Entretanto, a bem da verdade, as presenças vem diminuindo a cada lançamento, talvez porque tem mais lançamentos do que potenciai leitores, ou porque a grana está curta ou porque o que escrevo já não é mais novidade.
O mais divertido é conferir as justificativas de quem não comparece. O que tem de gente que viaja ou assume outros compromissos no período! A esses gostaria de dizer que a presença nunca é compulsória e a ausência não deve ser motivo de constrangimento. Não percam tempo em se desculpar. Tem o lado gratificante do comparecimento daquele amigo que não via há tempos e para o qual não enviastes convite, mas que leu ou ouviu alguma coisa sobre o lançamento e decidiu prestigiar um parceiro das antigas. Durante e depois do evento, ainda resta uma pequena contrariedade: todos os elogios vão para o título do livro, a capa e o prefácio, que são de outras autorias.
É tudo isso e mais um pouco no processo de produzir e lançar um livro, no caso deste autor independente. Apesar das agruras e das incertezas, faria e farei tudo de novo.