Até onde meter a colher?

22/01/2018 18:00

Nas últimas semanas, algumas notícias sobre marcas e redes sociais voltaram à pauta, principalmente, entre os profissionais que trabalham com construção de marca e social media. E, apesar de trabalhar na área, fiquei pensando até que ponto um terceiro (uma agência, um freela, um consultor e afins) pode e deve interferir na relação de uma marca com seu público e no negócio como um todo. Calma, gente, sei que este é o nosso papel enquanto profissionais de comunicação e que, normalmente, é por isso que somos chamados: para estabelecer o relacionamento entre empresas e seus consumidores (de informações, de produtos ou de whatever).

Estava eu de férias na Bahêa quando comecei a ler burburinhos internéticos sobre uma postagem de um negócio de Porto Alegre que tinha feito um texto que soou deselegante aos ouvidos de muitos. Em alguns grupos de Whatsapp, o povo começou a discutir sobre o assunto, sobre o tom usado e até mesmo sendo deselegante em alguns momentos. E começou um pequeno debate a partir da frase: donos de negócios deveriam ficar longe das redes sociais oficiais da empresa. É aí que a pulga pulou para trás da orelha. Quem somos nós para dizermos o que alguém deve ou não fazer com a sua organização, se não fazemos parte daquele processo? Sim, estudamos pra isso. Sim, estamos sempre lendo sobre o assunto. Sim, estamos dentro dos negócios de alguma forma. Mas por que achamos que a regra se aplica de forma geral para todo tipo de organização, para todo tipo de cliente?

Vamos supor que tu atendes a um determinado cliente apenas numa área e que nem chega perto das redes sociais dele porque o proprietário tem formação em Comunicação e ele mesmo faz essas mídias. Ele conhece muito bem o seu negócio, sabe muito bem quem é o público que compra dele e estabeleceu que cada parte da empresa teria uma personalidade diferente e uma linguagem própria. Como tu trabalhas com parte da construção de imagem das empresas dele, tu estás sempre de olho nas redes sociais, caso ache que algo é too much para poder ?dar um toque? e até mesmo avisar que tem gente se movimentando sobre o assunto. Mas o que fazer com essas informações e como elas irão influenciar na forma como o cliente constrói sua imagem no ambiente digital passa a ser uma decisão única e exclusiva do proprietário. Alguns levam em consideração, outros nem tanto. Existe um limite até onde devemos meter a colher. E, em muitas vezes, ele é bem explícito.

É lógico que o que a gente espera é que sempre nos escutem e que tenhamos argumentos suficientes para convencer o cliente sobre o melhor a fazer. E, no mundo ideal, que uma única agência ou, no máximo, duas cuidem da construção da imagem para existir um discurso único e alinhado com as expectativas dos sócios e que reverta em venda. Mas, infelizmente, não vivemos neste cenário. Continuaremos ficando de olho no que interfere no nosso trabalho diretamente ou indiretamente, mas nunca teremos o controle sobre tudo. Algo sempre vai escapar e é necessário saber desses riscos. Mas é importante termos consciência disso para não surtarmos quando alguma crise bater na porta ou saltar na timeline de alguma rede social por aí.