Atenção

Por Flavio Paiva

Foi um TED que me trouxe o tema de hoje: atenção. Fala o palestrante (Joseph Gordon-Levitt) sobre a questão da atenção e aborda sob diferentes ângulos, que não são o objetivo desta coluna, mas sim, o que ela me produziu de reflexão.

O ser humano é, na sua maioria, desejoso de atenção, desde o início de sua vida. Atenção e/ou aprovação dos pais, a necessidade nos seus tenros anos de ter a atenção dos pais para a sua própria sobrevivência, com diversas fases se sucedendo.

Atualmente, há uma grande luta por atenção (aqui me refiro também à esfera profissional). Se todo mundo tem voz, isto é uma vantagem e uma desvantagem. Com poucos recursos (um smartphone, para ser mais preciso) podemos produzir um vídeo, dividindo conhecimento, experiência e pontos de vista com milhões/bilhões de pessoas ao redor do mundo. A desvantagem é que há MUITA gente fazendo isto. E também organizações. E governos.

Assim, há uma grande luta por atenção nos mais diferentes formatos: lança-se mão de humor, do bizarro, da mensagem alucinada, da intensidade ou, ao contrário, do relaxamento. Da mensagem séria, do envolvimento e fundamentalmente há que ter, além de eficiência na comunicação (e para tanto) relevância e propósito, como muito se tem falado.

Voltando à esfera do indivíduo, isso acaba gerando ansiedade. Ansiedade por atenção. Porque a arena hoje é forte, como já foi no passado com armas: é por cliques, likes, engajamentos, visualizações.

Alguns dizem que isto é uma distorção da sociedade contemporânea, que em função das mídias sociais houve uma ampliação desta necessidade nas pessoas. Ok, nossa vida é muito mais midiática e imagética. Mas esta necessidade já havia desde sempre. A transformação (ou aumento) que ocorreu foi pelo aumento da exposição. Antes (algumas décadas atrás), quando se vivia nas cidades, a exposição era local e, com sorte, competência, relevância e propósito, nacional e com muita relevância, sorte e relacionamentos, internacional. Mas era assunto para poucos.

Também assisti a um vídeo do Triplo AAA em que Marck Zuckerberg e Yuval Harari conversavam sobre o futuro da internet e da sociedade. E qual o link com isso tudo? O fato de que eles terem discutido se a internet (e o próprio Facebook) torna as pessoas mais conectadas de fato ou se estamos criando cada vez mais núcleos, fragmentos.

Unindo as duas coisas, aumento de exposição, conexão, mídias sociais, podemos voltar ao início e costurar: seja da maneira que for, as pessoas e as comunidades (que são pessoas em grupo, motivadas por alguma razão), são dependentes individualmente e como grupos de atenção, no sentido mais amplo da palavra.

Uma grande parte da luta diária está justamente nisto: atenção. Agora, para encrencar todo o raciocínio, quase todos os seres humanos têm necessidade de solitude, de momentos de reflexão e até processamento da atenção conseguida ou não. Nosso processador pode ser mais ou menos rápido, mas ele precisa ter momentos de introspecção e pensamento. Justamente para saber o quanto a atenção é importante na vida de cada um. Então, agora usando um outro sentido para a palavra: atenção!

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