Como confiar na produção de conteúdo?

Por Anelise Zanoni

 No mercado da influência digital, a pandemia tem derrubado algumas máscaras. Afinal, máscaras não duram para sempre. 

 Quem trabalha na área contratando influenciadores ou faz produção de conteúdo sabe que existem dezenas e dezenas de pessoas que vivem de máscaras. Em frente às câmeras, pregam um discurso e, na vida real oficial, são totalmente diferentes do que aparentam. Falta coerência e verdade. 

 Tal atitude não é nova só porque as redes sociais são hoje extensões da nossa vida. Falsidade sempre existiu, especialmente quando nos comunicamos. É aquele chefe que xinga e humilha o funcionário, mas que vive dizendo aos seguidores que é preciso ter empatia para ser empreendedor. É a influenciadora que ganha dinheiro fazendo campanha de maternidade mas odeia ser mãe e não tem paciência com os filhos durante a quarentena.

 No mês passado, vimos a super fitness Gabriela Pugliesi derrubar o próprio império ao fazer uma festa com amigos em plena quarentena. O "foda-se a vida" dito por ela em um dos vídeos foi a peça que faltava para quem pregava um estilo saudável perder seguidores e grandes cifras de patrocínio.

 Alguns dias depois, foi a vez do casal Mala Viajante ser desmascarado por uma outra influenciadora da área, Rachel Travel Trips. Na ocasião, ela provou com dados reais que a dupla havia comprado seguidores em um canal de Youtube e tinha grandes patrocínios por conta dessa mentira. Imediatamente, a denúncia se espalhou, e a conta deles foi desativada. Hoje, já de volta, não permitem mais comentários de seguidores.

 O que houve, o povo enlouqueceu na quarentena? Sim e não. 

 O fato de termos supostamente mais tempo, nos permite navegar mais e até investigar mais! Além disso, sabemos que o emocional está pegando todo mundo de jeito. Só que precisamos entender: conteúdo de qualidade e verdadeiro não pode sucumbir com problemas emocionais e éticos!

 Depois desses episódios, algumas pessoas começaram a me perguntar: como posso confiar nos produtores de conteúdo e nos influenciadores digitais? Bem, primeiro temos que entender que a regra é a mesma para qualquer profissional: sempre haverá aqueles que são competentes e aqueles que são falcatruas! (já falei nisso em outra coluna - tem até gente que se passa por médico e não é).

 Talvez o modo mais simples para não ser passado para trás é investigar. Ninguém precisa ser detetive para colocar algumas palavras no Google e pesquisar. Gosto de ressaltar que é importante a gente saber em quais profissionais confiar. Além disso, cada vez que damos audiência para uma pessoa também estamos colaborando para o sucesso dela (e imagine você doando seu tempo para uma pessoa que não é coerente com seus discursos e nem com os números de audiência que mostra para todo mundo!).

 Por isso, fiz um pequeno passo a passo para quem quiser seguir e tirar a próprias conclusões.

1 - Pesquise o nome do produtor de conteúdo na internet - veja quais são as referências sobre o nome dele, o que já produziu na área, se já foi entrevistado por alguém. Pergunte-se: esta pessoa é referência na área? Se quiser fazer um teste, busque meu nome no google para saber o que já produzi até hoje!

2 - Desconfie de números que crescem muito em pouco tempo - as empresas patrocinadoras ainda se interessam muito pela quantidade de seguidores e várias investem naqueles que têm números mais expressivos. Logo, uma marca pode estar patrocinando uma pessoa que compra seguidores falsos! Você pode estar se perguntando por que precisa avaliar os números de um influenciador. É simples: quem cresce muito rápido e em pouco tempo pode estar comprando seguidores ou usando aplicativos para ganhar público. Logo, está enganando todo mundo!

3 - Verifique se o influenciador produz conteúdo autêntico, próprio, com boas informações. Fazer posts só para preencher espaço no feed ou fazer vídeos sem conteúdo relevante podem ser indicativos de que tem alguma coisa errada nessa conta.

4 - Analise os comentários que existem nas postagens e desconfie daqueles que não fazem sentido ou que são apenas emojis para ocupar espaço. 

 Por fim, tenha consciência de que produção de conteúdo é um assunto sério. Em época de fake news e pandemia, vale a pena investigar e tirar a máscara de quem merece!

Autor
[email protected] Mestre e doutora em Comunicação Social, a jornalista é CEO da Way Content Agência da Comunicação, especializada em turismo, gastronomia e estilo de vida, e fundadora do projeto Travelterapia, que divulga destinos, experiências e cria projetos de branded content. Em 2019 foi finalista da categoria Imprensa do Prêmio Nacional de Turismo, promovido pelo Ministério do Turismo. Tem experiência como repórter e editora, e é freelancer de publicações como Viagem Estadão e Veja Comer & Beber. Trabalhou 12 anos na redação do jornal Zero Hora e produziu conteúdos para veículos como Sunday Independent, Hola!, Contigo!, Playboy, Veja, Globo.com e Terra. Também atuou por 10 anos como professora de universidades como Unisinos e ESPM, passando pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Fonográfica. Atualmente pesquisa o papel da imprensa no desenvolvimento do turismo e já estudou em países como Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

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