Do que as mulheres gostam

No filme com este nome, Mel Gibson, após sofrer um acidente doméstico, passa a "ouvir" os pensamentos das mulheres. Ele se achava um conquistador …

No filme com este nome, Mel Gibson, após sofrer um acidente doméstico, passa a "ouvir" os pensamentos das mulheres. Ele se achava um conquistador irresistível, o cara. Até porque exercia uma posição de chefia na empresa onde trabalhava e as mulheres sempre acabavam por ser simpáticas com ele. Assim, seguia ele em sua vida, de considerar-se o tal. Quando, porém, ele passou a ouvir os pensamentos das mulheres, viu que diziam coisas completamente diferentes do que pensava.


O tema do filme, claro, foi inspirado no desejo (principalmente masculino, sem dúvida. Quem entende as mulheres?) das pessoas de entederem o que se passa no íntimo das mulheres. Volta e meia surgem filmes ou desenhos infantis com pessoas comuns que passam a ter poderes que adoraríamos ter: invisibilidade (quantas vezes não quisemos ficar ocultos para participar de uma reunião, de um bate-papo, para ouvir o que falam de nós sem nossa presença? E, está bem, pensei sim em ficar invisível e poder entrar no vestiário das gurias quando eu estava no colégio), visão de raio X, poder voar, etc. Isto sem falar, claro, na indestrutibilidade do Super Homem. E um dos desejos mais comuns entre os homens é saber o que as mulheres realmente pensam a nosso respeito. Não sem antes descobrir porque elas insistem em ir aos pares no banheiro, já que só há um vaso sanitário por pessoa.


Se nossos políticos fossem repentinamente dotados deste poder, se surpreenderiam. Porque começariam a ouvir coisas que jamais imaginaram. Bem verdade que, hoje em dia, com a Internet, os emails se tornam quase isto. As pessoas manifestam quase que instantaneamente o que (realmente) pensam. Lembro dos recentes protestos contra os aumentos de salários no Congresso, que só não foram aprovados pela manifestação da população, em especial via email. Porém, há dois problemas com o email. O primeiro é que uma pequena parcela da população faz uso desta ferramenta. O restante está fora. E o outro é que, em função desta forma de protesto barata e instantânea, o uso é intensivo. Com isto, lotam as caixas de entrada de mensagens de nossos congressistas. E alguns não fazem a menor questão de esvaziá-las.


Na verdade, não seria necessário que tivéssemos o poder de ouvir pensamentos para compreender as coisas, sejam elas da alma feminina, sejam de nosso povo. O ser humano se comunica de diferentes formas, aliando comunicação verbal e não-verbal. Se nós, homens, ouvíssemos melhor, certamente compreenderíamos muito mais da alma feminina. Se nossos políticos ouvissem realmente o clamor que vem das ruas, saberiam o que o povo pensa. Claro, alguns políticos querem mesmo é fazer a República da Bandalheira, da Roubalheira. Assim, mesmo que ouçam, só querem saber de tentar mamar mais nas grandes tetas (e bota grandes nisto, pois os desvios mais recentes descobertos, como Mensalão e Maluf, seriam mais do que suficientes para resolver muitos problemas brasieiros) da mãe Brasil. Mas também há aqueles que, confrontados com o povo, não vêem alternativa senão acatá-lo. Porque jamais esqueçamos que somos nós, o povo, os patrões da classe político e do funcionalismo público. E não o contrário.

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