Estamos exaustos, mas precisamos resistir

Por Anelise Zanoni

Esta semana saí para buscar meu filho na casa dos meus pais e, em poucos segundos parada no semáforo, comecei a chorar. Talvez o gatilho tenha sido uma música que começou a tocar, e confesso que não fiquei surpresa comigo mesma. Tem tanta coisa acumulada dentro de mim que transbordou. 

Aproveitei a choradeira para mandar mensagens de áudio para algumas amigas. Aí, no dia seguinte, recebi o discurso de uma amiga que mora na Alemanha. Ela está vivendo um verdadeiro lockdown por lá e foi certeira na conclusão: estamos exaustos! 

É cansativo passar um ano de incertezas, vendo amigos queridos e pessoas da família ficarem doentes e perderem negócios. E, como se não bastasse, estamos vivendo as semanas mais difíceis desse isolamento, com hospitais lotados e muita gente contaminada. Além disso,  pessoas que já estavam mal economicamente e psicologicamente correm o risco de tombar feio.  

É preciso ser forte, resiliente e acreditar num mundo melhor. Mas às vezes dá cansaço, não é mesmo? 

Todos os dias agradeço por ter saúde, trabalho e não ter vivido episódios de desespero, como o que está vivendo uma outra amiga, que está com o pai intubado há mais de 10 dias numa UTI e sem perspectivas. Também tenho uma outra grande amiga com quatro filhos e dois negócios à beira da falência. Passar duas semanas sem escola, sem ajuda em casa e com insônia, como é o meu caso, é muito pouco quando a gente conhece a história de outras pessoas. 

Para sobreviver ao caos que estamos vivendo, precisamos ser sensíveis para entender o outro e a si mesmo, porque todas as pessoas estão vivendo suas próprias jornadas nesta verdadeira luta pela vida. Em todas as casas há algum desafio a ser superado, alguns maiores, outros, menores. 

Então, mesmo que estejamos exaustos, precisamos resistir.  E se estiver tudo bem e tudo ótimo com você, continue assim! Porque não tem problema nenhum em estar bem! Pelo contrário: é o que a gente mais deseja.

Autor
[email protected] Mestre e doutora em Comunicação Social, a jornalista é CEO da Way Content Agência da Comunicação, especializada em turismo, gastronomia e estilo de vida, e fundadora do projeto Travelterapia, que divulga destinos, experiências e cria projetos de branded content. Em 2019 foi finalista da categoria Imprensa do Prêmio Nacional de Turismo, promovido pelo Ministério do Turismo. Tem experiência como repórter e editora, e é freelancer de publicações como Viagem Estadão e Veja Comer & Beber. Trabalhou 12 anos na redação do jornal Zero Hora e produziu conteúdos para veículos como Sunday Independent, Hola!, Contigo!, Playboy, Veja, Globo.com e Terra. Também atuou por 10 anos como professora de universidades como Unisinos e ESPM, passando pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Fonográfica. Atualmente pesquisa o papel da imprensa no desenvolvimento do turismo e já estudou em países como Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

Comentários