Estamos exaustos, mas precisamos resistir

Por Anelise Zanoni

05/03/2021 17:12 / Atualizado em 05/03/2021 17:00
Estamos exaustos, mas precisamos resistir

Esta semana saí para buscar meu filho na casa dos meus pais e, em poucos segundos parada no semáforo, comecei a chorar. Talvez o gatilho tenha sido uma música que começou a tocar, e confesso que não fiquei surpresa comigo mesma. Tem tanta coisa acumulada dentro de mim que transbordou. 

Aproveitei a choradeira para mandar mensagens de áudio para algumas amigas. Aí, no dia seguinte, recebi o discurso de uma amiga que mora na Alemanha. Ela está vivendo um verdadeiro lockdown por lá e foi certeira na conclusão: estamos exaustos! 

É cansativo passar um ano de incertezas, vendo amigos queridos e pessoas da família ficarem doentes e perderem negócios. E, como se não bastasse, estamos vivendo as semanas mais difíceis desse isolamento, com hospitais lotados e muita gente contaminada. Além disso,  pessoas que já estavam mal economicamente e psicologicamente correm o risco de tombar feio.  

É preciso ser forte, resiliente e acreditar num mundo melhor. Mas às vezes dá cansaço, não é mesmo? 

Todos os dias agradeço por ter saúde, trabalho e não ter vivido episódios de desespero, como o que está vivendo uma outra amiga, que está com o pai intubado há mais de 10 dias numa UTI e sem perspectivas. Também tenho uma outra grande amiga com quatro filhos e dois negócios à beira da falência. Passar duas semanas sem escola, sem ajuda em casa e com insônia, como é o meu caso, é muito pouco quando a gente conhece a história de outras pessoas. 

Para sobreviver ao caos que estamos vivendo, precisamos ser sensíveis para entender o outro e a si mesmo, porque todas as pessoas estão vivendo suas próprias jornadas nesta verdadeira luta pela vida. Em todas as casas há algum desafio a ser superado, alguns maiores, outros, menores. 

Então, mesmo que estejamos exaustos, precisamos resistir.  E se estiver tudo bem e tudo ótimo com você, continue assim! Porque não tem problema nenhum em estar bem! Pelo contrário: é o que a gente mais deseja.