Famoso Who?

29/01/2018 18:21

Alguns assuntos são recorrentes por aqui como vocês já sabem: as minhas causas feministas e de aceitação, que defendo com unhas, dentes e o resto todo do corpo, e a questão do marketing de influência. Sobre este último, andaram acontecendo alguns fatos nas últimas semanas que levantaram à velha questão de quem influencia quem, como se pode medir isso e por que alguns que se intitulam influenciadores digitais (já sabemos que quem dá este ?título? ou não é o mercado e não o ser que pilota blogs e instagrams) acham que são famosos ao ponto de fazerem as marcas gastarem rios de dinheiro ou fazerem permuta mesmo sem ter certeza que irão receber o investimento de volta. Sim, vamos combinar que, por mais que se entrega número de alcance e visualizações, o que interessa mesmo para uma marca é reverter imagem em negócios. E isso no marketing de influência é bem complexo de ser mensurado, assim como no PR.

Comecemos relembrando o caso da ?youtuber? Elle Durby, que se intitula influencer, e tem como credenciais 87 mil pessoas inscritas no seu canal do Youtube e 76 mil seguidores no Instagram e entrou em contato com o um hotel de Dublin, o The White Moose Café, para oferecer uma parceria. Ela pediu cinco diárias cortesias para que ela e o namorado pudessem passar o Valentine`s Day no estabelecimento. Em troca, iria mostrá-lo nos vídeos e nas postagens no Instagram e no Instagram Stories, prometendo levar clientes para o hotel e que já teria feito isso com um albergue na Flórida e que havia sido ?incrível para eles?. O responsável pelo hotel irlandês acabou respondendo publicamente num post do Facebook sobre a proposta, sem revelar quem seria a influenciadora, questionando quem pagaria os funcionários, os custos fixos e afins caso ele oferecesse as cinco diárias. Apesar de não ter revelado que era a influenciadora, Durby se sentiu ofendida com a atitude e fez um vídeo falando sobre o assunto.

Depois do auê todo, o responsável pelo hotel fez um post dizendo que todos os influenciadores estavam banidos de qualquer relação com o estabelecimento. Ele errou em expor essa situação? Por um lado, acho que não tinha necessidade, que podia ter apenas respondido para ela e OK. Por outro, me coloco no lugar dele recebendo mil e uma propostas deste tipo, até que cansou e chutou o balde. Ela errou em fazer um vídeo para reclamar sobre a exposição? Na minha opinião, não precisava, já que ninguém disse que era ela. A única certeza que eu tenho é que se o responsável achava que ela não influenciaria o suficiente para investir na parceria, não tinha mesmo porque fazê-la.

Outro caso foi de um suposto influencer sem nome e que se apresenta como um perfil que recomenda restaurantes e os pontua, pediu para comer de graça no Diverxo, um restaurante com três estrelas Michelin, segundo tornou público seu dono, o chef Dabiz Muñoz. Será mesmo que um restaurante premiado, no Brasil ou fora daqui, precisaria de um influenciador digital para movimentar o seu negócio? Quem seria o formador de opinião indicado para uma parceria deste tipo com estabelecimentos já consagrados e com lugar já fixado no mercado? Com certeza não teria a ver com número de seguidores apenas ou promessas de entrega de alcance, curtidas e visualizações.

Quando pensamos em ações para clientes, antes de tudo pensamos no objetivo do relacionamento, se é para fazer buzz em cima da marca, se é para criar giro no estabelecimento, se é para incrementar a venda de um determinado produto e, a partir disso, que se vai em busca dos blogs e Instagrams que têm mais a ver com a proposta. Há pouco tempo usava-se como parâmetro de escolha o número de seguidores e de engajamento. Hoje, tem muito mais fatores envolvidos e um deles, confesso, é a quantidade de vezes que um influencer pede alguma coisa apenas por pedir, para o seu bel prazer, sem um propósito específico pensado para a marca. Entrar em contato com uma marca para mostrar o teu trabalho, o teu portfólio, até onde tu alcanças o teu público e como é a tua interação com ele não é o problema. A questão é achar que é um ser super famoso, quase uma celebridade, pedir apenas por pedir e ainda sair falando mal da marca quando recebe um não. Precisamos falar mais sobre isso, mas continuamos outro dia, porque este aqui já virou textão.