IN FORMA

Por Marino Boeira

09/10/2024 15:26 / Atualizado em 09/10/2024 15:25
IN FORMA

A MISÉRIA POLÍTICA BRASILEIRA

As eleições municipais do fim-de-semana nas principais cidades do País marcaram em definitivo o fim do pensamento crítico na política tradicional. Candidatos de todos os partidos, eleitos e derrotados, praticamente de forma unânime optaram pela cartilha do discurso despolitizado. Mesmo Marçal, em São Paulo, com sua linguagem desabrida e vulgar, queria apenas ser uma espécie de gerente municipal. Os grandes temas da política que sempre implicaram numa opção pelos valores humanitários da esquerda ou pelo pragmatismo mercantilista da direita, não apareceram nessas eleições.

Por trás dessa divisão entre esquerda e direita, com os jornais contabilizando quantos prefeitos ou vereadores os dois lados fizeram nas urnas, está a divisão maniqueísta entre lulistas e bolsonaristas.

Restam ainda algumas poucas disputas no segundo turno com raríssimas chances de mudar o quadro do que se viu no primeiro. Em Porto Alegre, Melo entra para a disputa com um acúmulo de votos conquistados no primeiro turno, que dificilmente Rosário terá condições de reverter. A curiosidade maior é saber se Lula entrará na sua campanha arriscando uma grande derrota eleitoral ou fará como fez no primeiro turno dando apenas um apelo formal à candidata do seu partido.

Em São Paulo, onde Lula apostou forte na eleição de Boulos, ele dificilmente poderá se ausentar. Sua presença no palanque de Boulos seria uma antecipação das eleições de 2026 e uma derrota no maior colégio eleitoral do País enterraria sua ambição em conquistar mais um mandato presidencial.

Resta a nós, que pretendemos ter uma visão crítica eleitoral, constatar que o longo processo de alienação política iniciado com o primeiro governo de Lula está plenamente consolidado. A maioria dos eleitores se diz de esquerda ou de direita, do mesmo jeito com que se apresenta em relação ao futebol. São colorados ou gremistas. Nenhuma justificativa para essas escolhas. No caso do futebol se entende. Na política, se lamenta.

Quem se diz de esquerda deveria ser coerente com sua preferência e defender como seu objetivo a luta pelo socialismo. Quem se diz de direita deveria defender a tese de que o capitalismo liberal é o ponto máximo a que a sociedade poderá chegar. Em vez disso, os de esquerda, na sua maioria, defendem o modelo que existe hoje , chamado pomposamente de ?Estado Democrático de Direita?. No caso da direita, quem faz o discurso, a julgar pelas declarações de eleitos e eleitores, o objetivo é o mesmo da tal esquerda, mas sem o PT e sem Lula.

Nós, que divulgamos e defendemos a necessidade de uma mudança radical nas relações sociais e econômicas existentes hoje no Brasil só podemos continuar lutando pela Revolução Brasileira, há tanto tempo adiada.