Este 28 de setembro marca o Dia Mundial do Jornalismo. A ele, toda reverência, especialmente nestes tempos em que sofre ameaças políticas, pressões econômicas e um quase sufoco digital provocado pelas ferramentas de inteligência artificial generativa. E a ele, o profundo reconhecimento de que se trata de uma fortaleza na defesa da liberdade e da disseminação da verdade.
O Jornalismo responsável é vítima de atentados, como ocorreu ainda há menos de um mês, quando a Justiça estadual da Bahia validou a sentença do juiz que determinou a quebra de sigilo de dados do jornal A Tarde. Tribunal e juiz ignoraram um princípio fundamental que sustenta o livre exercício da imprensa: o artigo 5º da Constituição, que assegura o direito de acesso à informação, "resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".
Eis aí um bom exemplo da luta que o Jornalismo desempenha em todos os quadrantes, atacando a desinformação que desestabiliza a verdade e mina a confiança que a boa informação merece. Daí o motivo para celebrar a data, alertando para os prejuízos que as fake news são capazes de causar, muitas vezes impunemente.
O Jornalismo profissional está entre os pilares a sustentar a democracia e a integridade da própria sociedade. E deve ser defendido e preservado neste momento em que sobrevivemos em um mundo em que a falsidade tem vozes poderosas a difundi-la - ambiente agravado pela expansão das ferramentas de inteligência artificial.
Foi a NewsGuard, ferramenta de Jornalismo e tecnologia que acompanha o desempenho de sites com informações e busca identificar as notícias falsas, que apresentou uma conclusão alarmante. As inovações tecnológicas permitiram em pouco tempo que a IA propagasse notícias falsas "em uma escala sem precedentes, em volumes incríveis e apoderando-se dos ingressos publicitários dos meios de comunicação enquanto plagiava seu conteúdo".
Dá um alerta relevante: se a guerra do Vietnã nos anos 50, 60 e 70 foi considerada "a primeira guerra televisionada", o conflito em Gaza é o marco da "primeira guerra da IA". É grave a questão: a difusão de vídeos, áudios e imagens gerados por IA aumentou consideravelmente desde outubro do ano passado, com as notícias falsas entrando em uma escalada sem precedentes e com baixo custo.
E mais um motivo de alarme, segundo o trabalho da Newsguard, é a revelação de que a tecnologia avançou na liberação de ferramentas para a sincronização labial, o que tornou possível usar meios disponíveis publicamente para clonar vozes sem permissão. Conclusão: mais perigo à vista.
Por tudo, governantes, políticos e líderes empresariais precisam ser permanentemente lembrados de que o Jornalismo profissional e independente é que assegura a fortaleza da democracia e a saúde da sociedade. Parece óbvio, mas não custa lembrar sempre que possível.
Por que exaltar este Jornalismo? Por um motivo que todos sabemos muito bem: nossa rotina diária no campo da comunicação está impregnada de falsidades, tornando sua prática ainda mais difícil. Não faltam relatos de desinformações e mentiras neste ambiente altamente poluído das redes sociais, onde lamentavelmente, mesmo em meio a uma tragédia desta dimensão, segue tendo frutos a polarização doentia e criminosa.
É imprescindível seguir prestigiando os meios de comunicação e os profissionais jornalistas, o que podemos fazer dando preferência e confiança aos que identificamos como respeitáveis e dignos de nossa confiança. São eles, inclusive, que nos apontam as fake news, estas que, como anotou a plataforma Aos Fatos, "zombam da vida alheia, tripudiam sobre os mortos e não se constrangem em produzir conteúdos falsos com o objetivo de conseguir cliques, engajamentos e monetização".
É um trabalho incansável e dispendioso, o exercício profissional do Jornalismo, já que o ato de produzir informações exige recursos, muitos recursos e investimento. A este Jornalismo, portanto, devemos reverência e admiração. E apoio, para que não nos falte nunca.