Marketing emagrecendo, pesquisa aumentando

Por Flavio Paiva

No setor de fabricantes de automóveis, duas grandes estão modificando seu perfil: tanto Toyota quanto Tesla já informaram que reduzirão seus gastos (ou até já os reduziram) em marketing e direcionarão este recurso para pesquisa e tecnologia.

Sim, pode ser somente um movimento isolado das duas, mas pode passar a indicar uma tendência. Preocupante para marqueteiros, agências e veículos? Talvez. Porque naturalmente que as marcas não deixarão de se comunicar com os seus públicos, sob a pena de perderem para a concorrência, mesmo com produtos superiores. O que está acontecendo é uma mudança no direcionamento das verbas, sendo que elas são investidas em iniciativas de comunicação mais novas, mais ousadas e - principalmente - mais baratas e assertivas.

Os anos vão passando e, com o aumento da importância da TI na vida das empresas e pessoas, as coisas vão mudando. O tempo de mega agências, com contas estourando de tão gordas, passou. Claro, me dirão alguns, que estou mal informado. Que existem milhares de contas funcionando assim, que profissionais de marketing ainda ganham fortunas e que veículos seguem faturando muito. Óbvio que sei que ainda funciona assim em inúmeros casos. Mas aí é que está: é ainda. Este tempo já passou, isto é prática antiga.

As coisas estão definitivamente em processo de mudança, irreversível. Diante de novas ferramentas e possibilidades, são ditadas também novas tendências. Diante de um consumidor que se informa muito antes de consumir, que consome de qualquer parte do planeta, que reclama, que compara e, como digo (um ditado antigo, mas que vale): jacaré parado vira bolsa de madame.

As empresas não podem mais adotar a postura do "nada está acontecendo e seguirei fazendo o que sempre fiz e deu lucro". Podem até continuar com esta postura e mesmo práticas, mas fiquem em posição de choque, pois o estrondo será grande. Esborrachar-se-ão ao cair.

E isto reflete nos profissionais de marketing, por exemplo. É preciso que estejam absolutamente informados de inovações, tanto em termos de técnica quanto de prática, que estejam dispostos a, realmente, encarar desafios no sentido inclusive de que a sua relação com a empresa está sendo modificada (inclusive do ponto de vista de relação contratual), junto com o restante. Que precisam ser bem mais assertivos, o que não quer dizer mais ansiosos e que não dormem. Este não é o executivo que as empresas procuram, mas alguém com mais equilíbrio e consciência ou, como diria Charles Darwin, alguém mais adaptado aos novos tempos e capaz.

Aquele executivo, diretor de agência ou veículo que ainda está praticando e mirando um cenário passado vai comer poeira, ou gigabytes. E perder muito dinheiro e oportunidades.

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