Mesmo o perfeito é efêmero

Por Flavio Paiva

A felicidade é uma coisa efêmera. Tudo é só uma questão de período, e sob que ângulo estamos olhando: se horas, dias, meses ou anos. Porque sim, muitas vezes ela dura alguns minutos. 

Mas mesmo durando minutos, ela é intensa. E sendo intensa, tem uma carga de energia muito intensa. Como se, muito mal comparando, fôssemos ligados a um carregador super-rápido de celular. Só que esse carregador é de felicidade, ao invés de energia elétrica. Mas no final, a nossa bateria da felicidade vai estar totalmente preenchida.

E é totalmente natural que seja assim, efêmera. Porque a vida, em geral e dependendo do país e dos pais que se teve (se teve), é mais cheia de adversidades, desafios, tropeços do que momentos de gozo. Normal que seja assim. Outro dia estava vendo uma notícia sobre os jovens suecos, que estão bebendo muito, se drogando. Claro que não são os jovens suecos. Isso é um fenômeno que ocorre em inúmeros países em que a situação econômica e social seja estabilizada por muito tempo.

Ela sendo estabilizada, oferecendo poucos desafios, a pessoa passa a se sentir pouco contributiva e, por consequência, pouco relevante na vida. Na sua, na das pessoas. Então, o fato é que uma dose de desafio é fundamental para termos o brilho no olhar de realizar, de contribuir.

É fator chave para a motivação, aliás. Porque a clássica pergunta "por quê você se levanta da cama todos os dias?" (não vale dizer que só para pagar os boletos. Risos) precisa ter uma carga de desafio, de realização, de alguém que te espera, tanto no sentido afetivo quanto financeiro.

Ou seja, ser empurrado para fora da cama pelas manhãs é fundamental. E as motivações podem variar e muito. Mas fundamentalmente, quando a pessoa, a exemplo do que acontece com os jovens suecos, deixa de sentir que é relevante, tende a ter a vontade de potência, como diria Nietzsche, reduzida e muito. E é o mesmo que pode acontecer com os aposentados. Aqueles que se aposentam e deixam de interagir, de ter motivos. Logo se tornam desatualizados, vão se isolando, podendo entrar em depressão e mesmo usar álcool, drogas, etc.

Então, é preciso aceitar que mesmo o perfeito é efêmero. E que isso não é ruim, ao contrário pode ser muito bom. Pode fazer com que lavemos o rosto e partamos de novo rumo senão ao perfeito, à felicidade.

Comentários