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O recém-nascido chora no apartamento ao lado e os vizinhos idosos se queixam à portaria. A creche espalha no ar o alegre alarido do …
O recém-nascido chora no apartamento ao lado e os vizinhos idosos se queixam à portaria. A creche espalha no ar o alegre alarido do recreio de quintal e os moradores mais maduros da quadra endereçam um abaixo-assinado à diretora. A criançada comemora com festiva algazarra um aniversário no salão de festas do condomínio e os velhos das redondezas pedem para o síndico dar um jeito nisso. Guris e gurias se divertem na rua com os decibéis que sua garganta é capaz e os de idade avançada reagem à vivacidade risonha com pigarros e resmungos e avisos de vocês vão ver. Mocinhas e mocinhos namoram ao ar-livre e sexagenários se revoltam com o ritual de tentáculos e mucosas nos parques hoje em dia. A rapaziada se reúne em baladas cheias de vitalidade e a prefeitura recebe protestos de vetustos senhores e senhoras pela localização do recinto. Os jovens lotam espaços públicos para soltar sua energia em festivais de guitarras e a polícia é chamada por anciãos incomodados das proximidades. E assim por diante: os mais novos procuram vibração através de ações e som, de envolvimento físico e agitação espiritual enquanto os antigos se recolhem ao isolamento e ao sossego, à acomodação das pantufas e dos cachecóis. São dois movimentos que circulam e se entrecruzam o tempo todo, por todos os lugares desta vida. Um, é inconstante nos desejos, nos prazeres, nos ambientes, e até no nome: Infância, Puberdade, Adolescência, Juventude. O outro, é estável mesmo andando, tem um shhhhhhhh pronto nos lábios, um nariz torcido para cabelos verdes e roupas espalhafatosas, um cenho franzido até para o anil do céu, um hoje não para o vestígio de libido. Mas esse tem nome. É o Movimento Juventude Nunca Mais. |
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Coisas de DNA. E da experiência e da cultura, acumuladas: sua trajetória de ilustrador já tem 30 anos, mais de 20 na Folha de São Paulo. Por isso se dá ao luxo - ele pode se dar! - de manter na internet duas galerias da sua produção, uma de trabalhos publicados, uma outra de inéditos; imagine, um artista que dá a você a opção de onde babar. O tempo livre (!) Orlando Pedroso ocupa com exposições individuais e coletivas, como os salões de humor. E nesses últimos, o talento dele se vale (ainda!) de outra ferramenta, a câmera, para abastecer seu terceiro espaço eletrônico, o blog só desenhistas, que por si só é uma valiosa contribuição à memória nacional. Para saber mais desse fenômeno do traço e da cor, faça como seus admiradores: prestigie a abertura da exposição Uns Desenhos no Museu do Trabalho (Andradas, 230, dia 3, 19h, e até 19/8). Lá, com certeza, haverá um outro tipo de AVC: Admiração Visual Coletiva. |
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