Não somos tão instantâneos assim

23/05/2018 16:26

Essa mania de estar sempre conectado, além de soluções, também traz algumas chatices. Tem pessoas que acabaram perdendo a noção de hora, de limite, de que também precisamos ter tempo para a família. A facilidade de comunicação imediata, na palma da mão, faz uma galera acreditar que você está disponível 24 horas. E isso não é privilégio de jornalista que, teoricamente, deve permanecer alerta.  

As pessoas têm horas vagas - ou deveriam. Cozinham, tomam banho, vão ao banheiro, tomam um vinho. Cuidam dos filhos, conversam com amigos, assistem a séries. Dormem também, apesar de não parecer.  

A nova onda agora, para aqueles que realmente acham que você deve estar ali quando o outro quer falar, é fazer ligações por aplicativo, mas não para falar, apenas para o outro lado ouvir o toque ou sentir vibrar e, então, ter que olhar pro telefone. Tipo aquele antigo 'treme treme' do MSN, lembram? De tão prático, banalizou.  

Dia desses, conversava com um médico amigo meu e ele me contando que fica praticamente hibernado durante a tarde, com uma consulta atrás da outra. Ao sair, checa as dezenas de mensagens e, então, busca os filhos na escola, chega em casa e quer curtir a família. Pelo fato de permitir se desconectar, já recebeu um monte de desaforos por não dar atenção imediata às mensagens. Pode, isso? Tem gente que me chama no Messenger do Facebook para poder conversar, porque se aparecer 'online' no Whats e não responder, é o caos instalado.  

Eu, até pouco tempo, era daquelas maniáticas que não sossegava enquanto via uma mensagem não lida. Me desprendi dessa neurose e consegui desativar as notificações. Sério, é libertador. A tecnologia veio para facilitar a vida e não nos escravizar. Cansei de responder mensagem, depois das 22h, dizendo que estava fazendo meu pequeno dormir. E acho que desagradei o remetente. Paciência. Tem, ainda, quem não curta futebol e resolva colocar em dia a pauta na hora do jogo do Grêmio. Haja paciência! Ainda não há nada mais urgente do que o nosso próprio tempo.