O eleitor irá zapear os candidatos

Por Elis Radmann

Em 16 de agosto, começa a campanha eleitoral e, em 31 de agosto, o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Além disso, os candidatos poderão fazer campanha eleitoral nas redes sociais e impulsionar suas publicações, aparecendo, a qualquer tempo, na timeline dos eleitores.

Nestas eleições gerais o eleitor terá que destinar voto a seis candidatos: presidente, governador, dois senadores e deputados federal e estadual. Uma ingrata tarefa para os eleitores que oscilam entre a esperança e a frustração.

Com o crescimento da internet e com a maioria dos gaúchos conectada às redes sociais (86%), o principal questionamento é sobre qual meio o eleitor utilizará para se informar sobre o processo eleitoral e, principalmente, o peso das redes sociais nas eleições do Brasil.

O IPO - Instituto Pesquisas de Opinião tem realizado estudos quantitativos e qualitativos no Rio Grande do Sul a fim de compreender a percepção e a tendência dos eleitores.

Questionados especificamente sobre a inclinação de assistir ao horário eleitoral gratuito, a maioria dos eleitores (57,4%) declara que assistirá ao horário na televisão. Ao serem interpelados sobre a utilização das redes sociais para se informar sobre as eleições, 40,3% dos eleitores afirmam que utilizarão as redes para buscar informações sobre os candidatos.

É importante registrar que um meio não substitui o outro. Para a maioria dos eleitores, cada meio de comunicação tem um papel: TV é o espaço do conhecimento dos candidatos e da credibilidade e as redes sociais são o espaço para pesquisa e relacionamento com os candidatos.

A televisão é vista como o local de apresentação dos proponentes, onde o eleitor poderá analisar a todos de forma comparativa. O tempo de TV confere um poder simbólico aos candidatos. Para o eleitor, quanto maior é o tempo de TV de um aspirante a um cargo, maior é a sua capacidade de articulação e representação política. Em época de fake news, a campanha eleitoral na televisão será um espaço importante para que o eleitor escolha a sua base de candidatos para pesquisa no Google. E, segundo os eleitores, os candidatos 'ficha limpa' não terão receio de indicar a pesquisa de seu nome na internet.

A partir da credibilidade da televisão, estes eleitores utilizarão as redes sociais para pesquisar sobre a vida dos candidatos, ver as informações nos portais de transparência, checar denúncias, analisar projetos ou, até mesmo, entrar em contato a fim de analisar sua capacidade de retorno.

Em comparação com a eleição de 2014, a campanha eleitoral de 2018 continuará sendo realizada de forma presencial, mas também se fará muito presente nas redes sociais.

O tradicional 'santinho de cola' continuará sendo entregue, mas será acompanhado de uma versão digital que rodará pelo WhatsApp dos grupos, fazendo com que muitos eleitores consultem o seu smartphone quase em frente à urna.

Enquanto que a metade dos eleitores irá zapear os candidatos, utilizando os vários meios, 1/3 não quer saber de eleição e, declaradamente, apresenta-se como eleitores descrentes que tendem a se alienar (votar branco, nulo ou se abster).

Muita coisa continuará igual nesta eleição! Não faltará o eleitor de última hora, que não vai assistir ao horário eleitoral, não vai acompanhar os candidatos nas redes sociais e que vai pedir indicação aos amigos e familiares. E como já é conhecido, também terá o eleitor que espera a troca de favores, pensando somente em seu próprio benefício.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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