Muitos se perguntam sobre quais fatores contribuem ou prejudicam no desempenho de um time de futebol. Certeza de quem já esteve por dentro do vestiário: tudo chega lá! Por mais que os jogadores estejam cada vez mais em suas próprias bolhas, o mundo externo afeta por meios tradicionais como as fofocas ou pelas tecnologias das redes sociais. Fato é que um acirramento eleitoral, como vive o Grêmio atualmente, não passa impune.
Menos mal que a disputa, pelo menos por enquanto, não envolve quem está no dia a dia dos atletas. A situação do presidente Alberto Guerra não se pronunciou sobre candidatura. O problema neste caso é que a palavra ?dinheiro?, tão forte no vocabulário do futebol ganha muito da atenção dos boleiros, mesmo em meio às músicas gospel, aos memes no Instagram ou às dancinhas no TikTok.
A eleição tricolor, marcada para daqui a quatro ou cinco meses, é dominada por assuntos financeiros. O até então favorito, famoso por trazer Suarez e romper com a atual gestão, que depois não deu certo na opinião da torcida, é Paulo Caleffi. Homem que fala bastante, não mede ataques a adversários, explosivo. Se lançou à presidência do clube com os ídolos Danrlei e Maicon ao seu lado.
Como nenhum dos nomes mais marcantes na política gremista conseguiria derrubar a popularidade de Caleffi, coube ao ?dinheiro? tentar mudar o jogo. O empresário Marcelo Marques, apoiador de Guerra (e até do Caleffi) no início do atual mandato, também resolveu se candidatar. Puxou com ele Celso Rigo, outro célebre patrocinador do lado azul da gangorra. A compra da Arena, virar SAF e contratações vêm à tona com tudo.
Outros ainda tendem a colocar seus nomes à prova, primeiro do conselho deliberativo e depois dos sócios no ?pátio?, mas a polarização está posta. Não deve sair muito disso, não. Em setembro há renovação de metade dos conselheiros, o que será um termômetro do que vem pela frente. Como blindar o vestiário? Impossível.
Eu estava na diretoria executiva do Inter em 2023, ano em que Alessandro Barcellos concorreu à reeleição. O clima quente e acirrado nos bastidores afetou o time do então técnico Eduardo Coudet no campo. Neste caso, até determinado ponto foi positivo. Desde a metade daquele ano os jogadores sabiam da ameaça que o presidente sofria nas urnas. Pela boa relação transformaram o que vinha do mundo externo em combustível extra para avançar nas competições.
A eliminação para o Fluminense na semifinal da Libertadores não foi consequência da briga eleitoral. Ela só ocorreu porque a motivação dos atletas levou até lá. Depois da derrota em pleno Beira-Rio, aí tudo se voltou para o que resultaria no segundo mandato de Barcellos.
O retorno da bola rolando, na metade de julho, vai ser bom para o Grêmio se reconstruir em campo. Já dissemos isso. Esperamos que a disputa fora dele não traga consequências negativas nos resultados.