O problema de ser grande

Por Flavio Paiva

Com as startups e sua modelagem, ficou claro que havia empresas brasileiras (ou não) "preguiçosas". O que significa que atuavam exclusivamente com os olhos no mercado interno do Brasil. Não projetavam suas lentes para o além-fronteiras.

Alguns pensarão que não há problema algum em as empresas operarem exclusivamente dentro das fronteiras brasileiras, desde que fossem lucrativas, satisfizessem seus acionistas, clientes, etc. Aparentemente não há. Porém, fazendo uma análise um pouco mais ampla, se vê logo que não é bem assim.

Quanto a lucrarem no mercado brasileiro, excelente. Ótimo. Que continuem fazendo assim, até porque por ora moramos no Brasil. Mas passarem a operar fora do nosso país também traz alguns benefícios diretos:

- aumento de investimentos nas empresas, trazendo capital novo para cá

- excelência ainda maior (com o perdão da expressão) em suas práticas

- mindset absolutamente inovador (e falo aqui de inovação aberta, inclusive)

- atrair os olhares do mundo para cá, gerando, além de investimentos, tangencialmente interesse no Brasil como destino turístico, conhecimento de nossa cultura, etc.

- como resultado disto tudo, melhoria da qualidade geral de vida do brasileiro

Ou seja, a onda das startups com o recebimento de capital e olhar no mercado externo, há uma série de benefícios que são trazidos junto. Com a economia absolutamente globalizada, fica fácil entender as razões. Não há hoje em dia como mexer em um ecossistema sem afetar o ecossistema global.

Que seja muito bem-vindo o capital estrangeiro (assim como o capital brasileiro também), interessado no que afinal de tão atraente várias empresas brasileiras com o DNA da inovação e internacionalizadas.

O mindset de governos e pessoas precisa mudar, com urgência. Respeitadas regulamentações para proteger tanto a economia como nossos recursos naturais, não há nenhum (repito, nenhum) motivo para que o capital estrangeiro não seja bem vindo.

Aos que possam ter se exaltado com o que escrevi até agora, ressalto: eu disse desde que protegida a nossa economia. Assim como os recursos naturais.

Este é um caminho sem volta que podemos ou não trilhar. Se ficarmos apenas observando e não participarmos de forma ativa e propositiva, acolhedora e organizada, ficaremos inevitavelmente para trás e o que é pior, observando o fluxo de capital internacional passar ao lado de nossas fronteiras. Esta é a escolha.

As mudanças muitas vezes são inevitáveis, impossíveis de não serem feitas. Na verdade, até podem não serem feitas. Mas as consequências serão absolutamente impactantes e negativas, tanto no curto quanto no longo prazo.

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