O que a mídia nem sempre diz

Por Grazi Araujo

A credibilidade do jornalismo, conquistada há anos e anos, faz com que o que está escrito, dito e estampado seja absorvido pela sociedade e, como consequência, cria percepções. A onda de notícias negativas gera um impacto de tal proporção que não conseguimos sequer mensurar. Infelizmente, há uma crença que boas notícias não vendem capas e nem cliques, afirmação que eu discordo demais. Cada roda de conversa que este assunto vem à tona, a maioria das pessoas clama por manchetes positivas. Meu pequeno, no alto dos seus 8 anos, já cansou de exclamar: "mas é só notícia ruim nessa TV, né mãe?". É filho, mas não perde a esperança, porque tem muita coisa boa acontecendo por aí.

Dia desses, enquanto participava de um coquetel, comecei a conversar com duas pessoas - recém conhecidas - sobre assuntos aleatórios, até que surgiu a pergunta: e onde tu trabalha? Com aquele orgulho costumeiro de quem sempre vestiu a camisa - e não há nenhuma alusão partidária, que fique sempre bem claro - falei que tenho a alegria de estar no Governo do Estado, mais precisamente na comunicação da Casa Civil. Então surgiu a pergunta mais corriqueira desde janeiro: "e como é trabalhar com político? É só mais um rostinho bonito (ao se referir ao governador)? Eles fazem alguma coisa?". Só não fui pega de surpresa porque não é a primeira e nem será a última vez que as pessoas se mostram desacreditadas na política.

Então fui sincera ao admitir que estou otimista, que gosto do que vejo, escuto e presencio e que estamos diante de um governo que veio com vontade de mudar o Estado. Notei o espanto e me inspirei para a coluna de hoje no momento que ouvi: - "Que coisa boa ouvir isso! A gente só fica sabendo do que não dá certo, pela mídia, e não tem noção do quanto as coisas estão sendo feitas. Vou passar essa tua percepção adiante, porque apontar o dedo é sempre mais rápido do que aplaudir". Eu não estava ali a trabalho, tampouco de crachá. Eu falei como cidadã, como gaúcha e como quem tem o privilégio de estar perto e acompanhar tal disposição. 

Estamos diante de um grupo engajado, que como toda a equipe, tem seus líderes, suas competências, suas fragilidades, seus desafios. Mas é fato que estamos diante de uma pessoa bem-intencionada, disposta a corrigir equívocos passados, reconhecer acertos de diferentes gestões e construir um terreno mais fértil para uma boa colheita. E não, não estou aqui para falar de política, para fazer propaganda ou puxar o saco de alguém. Apenas estou falando do quanto é importante falarmos da realidade dos fatos, sem qualquer pretensão.

A notícia positiva ainda tem como principal meio o bom e eficaz boca-a-boca. Surpreender positivamente alguém contribui para que as pessoas se motivem, se apropriem de causas, façam a sua parte por saber que tem mais alguém fazendo. É tão mais complexo ter que inventar uma mentira do que apenas falar da verdade, mas fake news é muito mais compartilhada do que "good news".

A comunicação institucional, no exercício diário da sua vocação, cumpre e bem o seu papel, na maioria das vezes. Muita gente entende como "vitrine de boas notícias", "prestação de contas" ou "nada mais do que a obrigação" o trabalho exercido por assessorias em sites e redes próprias de cada setor. O fato é que não há o costume de ir atrás das comunicações institucionais, tendo em vista que temos diferentes e importantes veículos que reúnem e resumem o dia-a-dia dos acontecimentos. A grande massa, quem foi às urnas e elegeu essa galera toda que está no poder, pouco se interessa. Quando tem acesso, feedback e interesse, critica menos e constrói mais.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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