O que te inspira? O que te faz criar? E o que te deixa livre? E te transforma?

Por Grazi Araujo

20/02/2019 17:36 / Atualizado em 20/02/2019 17:34

Um post de uma grande amiga se tornou a ideia da coluna de hoje. Despretensiosamente, tentando encontrar um tema para refletir e redigir, dei uma rápida passada pelos stories. Lá, apareceram algumas fotos, clicadas no corredor de um prédio. 1) ?Inspiração ? exercício de experimentar?; 2) ?Criatividade ? exercício de curiosidade?; 3) ?Liberdade ? exercício de teimosia?; 4) ?Transformação -  exercício de ousadia?. Essas provocações merecem, pelo menos, um parágrafo cada uma. Boas perguntas como uma forma de olhar para si e ver como a gente se encaixa em cada uma delas. Bora lá!

Ai, que difícil começar. Estou aqui pensando no que me faz experimentar. Medo nunca foi uma palavra que me acompanhou, ao contrário de ousadia. Já cansei de me inspirar pelo simples fato de ter permitido viver algo novo. É sempre melhor dizer que tentamos, não é mesmo? Novos sabores, por exemplo. Eu teimava em dizer que não gostava de sushi, sem nunca ter experimentado. O simples fato de ser um peixe cru me fazia achar que seria nojento. As amigas mais próximas diziam que salivavam de vontade e eu pensava: ?Que modinha. Que pessoal que inventa moda. Ora, salivar por um peixe cru?. De tanta insistência, resolvi dar o braço a torcer e, então, provar. O resultado? Enquanto escrevo essa parte do texto já estou louca de vontade de encarar uma sequência cheia de sashimi. Sair da zona de conforto não é uma tarefa fácil, seja qual for a oportunidade, na gastronomia ou em qualquer fase da vida. Porém, desvendar o novo é uma das melhores formas de descobrir bons e mais motivos para ser feliz.

Agora, é hora de falar sobre criatividade. Palavrinha da moda e que está se tornando tão escassa a cada dia. Talvez, seja exatamente porque as pessoas estão com preguiça de ser curiosas. Está tudo ali, na tela, é só perguntar pro Google e ele te traz um monte de opções. O primeiro trabalho, aquele de quebrar a cabeça se instigando, está em extinção. Não podemos cair nessa cilada, Bino. É um caminho sem volta, mão única. Podemos ser mais ágeis com a tecnologia, mas estamos cada vez mais acomodados e lentos no raciocínio. E é tão legal ter boas ideias.

Ao ler a terceira frase: ?Liberdade ? exercício de teimosia?, minha vida se resume nela. Êta bichinho teimoso esse que vos escreve. Hoje consegui entender o que me faz sempre querer ter ?essa tal liberdade? de viver, de arriscar, de apostar, de botar a cara e ver no que vai dar. Gente assim, desse tipo, só para quando consegue o que quer. Esse povo aí, teimoso que dói, adora mostrar para quem não se permite teimar que dá certo. Para muitos, parece, por vezes, até uma certa imaturidade. É como um combustível, que faz a vida acelerar, o coração disparar e a cabeça te mostrar que pode, basta querer e acreditar. ?Ah, mas tu podes quebrar a cara teimando desse jeito.? Verdade, acontece. A gente conserta e tenta de novo, porque uma hora vai.

Ousadia e alegria - não é à toa que é o nome de uma canção que eu adoro. E também, não por acaso, já foi citada logo no início deste texto. Exercer ousadia nos transforma, como já disse a provocação estampada no corredor do tal prédio. Pessoas ousadas se tornam pessoas diferenciadas, admiradas pela capacidade de não ter papas na língua, de se adaptar em diferentes situações. Te permite, tchê. Sai da caixa, vira a mesa, não aceita o básico. Faz valer cada segundo. Veste aquela roupa diferente, pinta o cabelo da cor que tu bem entender, dança sem se importar como te olham. Escreve teus textos com paixão, compra tuas broncas com gratidão, mata no peito tuas teimosias, transforma teus sonhos em possibilidades reais. A cada novo amanhecer a gente deve agradecer por mais uma oportunidade de fazer história. Passa tudo tão rápido, não é mesmo?