O valor de cada posição ganha (ou perdida) no Brasileirão
Por Rafael Cechin
Dois, três, cinco, 10 milhões de reais fariam diferença na vida de qualquer mortal. Na realidade do futebol, até significa muito para técnicos e jogadores (dependendo claro do patamar no qual estão), mas é quase nada para os clubes. Talvez em função disso o Brasileirão seja desvalorizado em alguns aspectos, porque Copa do Brasil e Libertadores são mais curtos e oferecem mais dinheiro. O diferencial do que, ainda é, nosso principal campeonato está na moral que ele dá aos vencedores e, por outro lado, como pode devastar os perdedores.
Entre a premiação para o campeão e a do oitavo colocado são "apenas" cerca de R$ 10 milhões. Não banca uma folha mensal de pagamento de qualquer dos times que estão no G-8 atualmente. Só que o significado do primeiro lugar, nem precisa dizer, é gigantesco. Temos por aqui um dos torneios mais difíceis do planeta e chegar ao topo torna-se tarefa indigesta, para poucos. Se figurar até o quinto ou sexto também fica numa boa. E, esse ano ainda pode acontecer, estar entre os nove melhores é passível de ida para a Libertadores.
Junto com a vaga na principal competição sul-americana vem melhorias em investimentos, possibilidades de patrocínios novos, mais chances de prêmios grandes em dólar, entre outras coisas. Sem falar na expectativa da torcida, que passa a comprar mais produtos, e na visibilidade inclusive internacional que o clube que recebe. Tudo fica muito melhor.
Mais abaixo na tabela a coisa piora demais, é claro. Não só financeiramente. Não precisa ser rebaixado para deixar de faturar grana com patrocinadores, itens oficiais e licenciados e a premiação em si. Muda a realidade para a próxima temporada. Diminui a competitividade em relação aos demais.
A reta final de 2024 levará até o início de dezembro a dupla Gre-Nal mirando diferentes objetivos. O Grêmio está na parte de baixo da gangorra e de lá não tem achado jeito de sair. Pior é que o Renato continua errando e o risco de rebaixamento voltou. Que coisa! Segue o sofrimento tricolor, com pouca distância pro Z-4. O Inter mira o outro lado da tabela. Praticamente garantido na Libertadores especialmente depois de o Flamengo faturar a Copa do Brasil e abrir outra vaga criando G-5 e G-7, o time do Roger vai seguir na parte de cima até o final do campeonato.
O que isso significa? Relativo ao dinheiro, há distância de uns R$ 10 a 15 milhões entre a faixa em que o colorado está para a que o tricolor frequenta. Quem ocupar entre terceiro e sexto lugares, o que parece ser o destino dos vermelhos em 2024, receberá em torno de R$ 40 milhões. Abaixo dos dez primeiros colocados, por onde anda os azuis, cerca de R$ 25 milhões.
O principal ponto positivo da campanha do Inter, recuperando-se numa temporada com enchente e erros de gestão, é que a confiança voltou. Inclusive depositando uma esperança, mesmo que pequena no momento, de ser campeão ainda nesta temporada. Para o ano que vem, a régua subiu muito. São depositadas muitas fichas no trabalho que se faz no Beira-Rio. Terminar o campeonato em segundo, terceiro, quarto ou quinto vai fazer pouca diferença.
Quem não vai estar no lucro para 2025 é o Grêmio. Infelizmente. Se conseguir se livrar do rebaixamento, ainda assim dificilmente terá a torcida ao seu lado. Perderá Renato, terá desconfiança sobre o trabalho da direção, jogadores caem mais ainda em descrédito e uma eventual ausência em disputa sul-americana torna tudo pior. Quase um desastre. Se cair, o caos.
Então, não é só dinheiro. Não mesmo. Precisamos que nossos times busquem melhores posições por vários outros aspectos. Terão mais dias sem jogos essa semana, em função da parada para disputa das eliminatórias da Copa. Torçamos para que se preparem bem para o retorno ao Brasileirão. Cada um em busca do seu objetivo até dezembro.