Quando a gente se boicota

Por Cris De Luca

Passei o final de semana basicamente dormindo e com dor de estômago, daquela que, se tu não comes, sente dor, se comes, a dor aumenta. "Nossa, Cris, mas que bad logo numa segunda-feira!". Pois é, a vida não é só pensar estratégias, fazer comunicação e relacionamento e postar foto bonita nas redes sociais, né? Prometo que vai fazer sentido no final das contas. Pode ter certeza.

A gente já falou por aqui ou sempre tem algum artigo falando sobre como a gente tem se sobrecarregado com informações, atividades mil por todos os lados, querer dá conta do mundo e aqui pifando. Quantos por aí já tiveram síndrome de burnout ou estão prestes a entrar nela? Quantas vezes neste ano você ficou doente porque o corpo não aguentou o tranco? Quantas vezes o teu corpo te parou por que você não parou? Pensem só por um tempinho que já vai aparecer na tua mente pelo menos umas seis vezes nos últimos cinco anos.

Mas vocês já pararam para pensar quantas vezes esse momento chegou porque vocês se boicotaram? Quantas vezes tu sabias que tinhas que parar para respirar e descansar, mas resolveu seguir o barco? Quantas vezes aquela dor de cabeça/enxaqueca bateu quase todo dia e tu já estava mascando Neosaldina, mas não parou para ver porque isso estava acontecendo? Quantas vezes tu comeu algo que sabia que não podia porque estava afim, mas, no fundo, era porque estava ligando o foda-se para a tua saúde física e mental? E por que a gente faz isso? Seria uma forma de defesa? Ou seria uma forma de se punir?

Acho que cada um deve ter seus motivos (ou não) para se boicotar. Eu estava numa semana (algumas) intensa de trabalho, reencontrei pessoas de um passado distante, me envolvi mais do que devia, fiquei triste, decepcionada comigo mesmo e resolvi que comer um pãozinho aqui, um milanesa ali não teria problema. Seria um tipo de confort food, não seria? A única coisa que não tive foi conforto. Foram dias de taquicardia hard, como se tivesse com um ataque de pânico, vontade de não sair do lugar, desânimo, uma vontade constante de chorar e ficar de canto. Não, não era TPM. E que acabou culminando em muitas horas dormindo de sábado para domingo, dores de estômago, prisão de ventre, crise de tosse alérgica e por aí vai.

E por que estou expondo tudo isso? Porque tenho certeza de que aí do outro lado tem tantas pessoas que estão se boicotam sem se dar conta. Ou que estão se boicotando de forma bem consciente, como eu estava fazendo. Não façam isso. É preciso ter ficado mal para caramba para eu me dar conta de que não vale a pena. Nunca vai valer. Eu garanto! <3

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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