Quando a pauta muda no meio do caminho

Por Cris De Luca

Estava eu começando a escrever a coluna desta segunda-feira sobre escrita afetuosa depois de ter visto uma palestra linda de viver e ouvir da Ana Holanda, editora-chefe da Vida Simples, na semana passada, no Gump, em São Paulo, mas fui interrompida pelo filme de um minuto e meio veiculado pela Gilette no intervalo do Fantástico com/para o Neymar. Fui obrigada a jogar nas minhas redes sociais digitais se alguém tinha visto o que eu vi porque não estava acreditando. Eu só conseguia falar "nã, nã, nã. Parô. É sério isso?". A minha cara era tipo aquela do médico olhando para o Fernando do Bem Estar falando sobre o encontro da gema e da clara no bolo (na dúvida, Google it).

O que pensar quando uma marca faz um filme para gestão de crise de imagem de um contratado? Por que Neymar Jr., que já tem marca e audiência própria, esperou tanto tempo para fazer algo? E por que fazer neste formato? A publicidade está superbem produzida, o texto, apesar de ser bem autoajuda, entrega a intenção que é fazer a gente sentir pena do garoto. Só que não. Pelo menos não para o povo da minha bolha. Fora que o tempo do vídeo, bem longo para TV aberta, deve ter feito muita gente mudar de canal e não ter visto a mensagem até o final deste 'novo homem'.

'Menino Ney' ou sua assessoria (será que ela realmente existe?) também postou o vídeo no mesmo momento no Twitter. Ontem mesmo, o povo estava dando RT por lá de uma foto dele com o Cocielo (sim, aquele que fez comentários racistas sobre MBappé na época da Copa do Mundo). Fora a atitude do pai dele com uma repórter ao ser indagado sobre ter acontecido ou não festas no hotel da Seleção na Rússia. O que adianta querer limpar de um lado a imagem e sujar ela do outro? Fora que perderam totalmente o timing. Se esse texto tivesse sido lido pelo Neymar num vídeo caseiro na semana seguinte a eliminação da Seleção Brasileira da Copa, até pode ser que tivesse um resultado melhor. Mas para que isso? Peguei ranço da Gillette agora. Do Neymar eu já tinha mesmo. Do pai dele então.

Não colou, não tem jeito. Pelo menos para mim e para muitos da minha bolha. Mas, além de ter ficado nos trend topics no Twiiter com esse 'comercial', o caso Neymar vai virar case para discussão em disciplinas de Gestão de Imagem, de Gestão de Crise e até mesmo em Marketing de Influência. Menino Ney vai continuar ganhando rios de dinheiro, devendo para a Receita Federal e a gente aqui falando sobre ele. Para quem ainda não viu essa pérola, cá está: https://youtu.be/lJRjk0SGcqQ. Não deixem de ler a descrição do vídeo. Uma pérola. E apenas um recado para seu Ney pai: favor contratar uma agência ou profissional de gestão de imagem para o seu filhote. É bom para parar de dar tiro no pé. Aproveita e pega umas dicas para o senhor também.

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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