Sobre a natureza

Por José Antonio Vieira da Cunha

Vale diário de viagem neste espaço, publisher Márcia? Vamos combinar que sim, e falar sobre águas, flora, fauna, natureza, tudo sobre o rescaldo de uma viagem às Cataratas do Iguaçu, com seu esplendor, espetaculosidade e encantamento? Quem já visitou, sabe do que estou falando. Se você se encaixa entre os que perderam tempo como eu, dê um jeito de agendar com urgência uma ida a Foz do Iguaçu. Que será inesquecível, asseguro.

Falha clamorosa em meu currículo de viajante amador, valeu muito conhecer enfim as Cataratas do Iguaçu e verificar in loco que tem muito sentido figurarem entre as sete maravilhas da natureza e ainda serem consideradas Patrimônio Natural da Humanidade. E comprovar também que, lenda ou não, tem muita lógica a expressão atribuída à ex-primeira-dama norte-americana Eleanor Roosevelt: "Poor Niagara", teria exclamado ao visitar as cataratas argentino-brasileiras e compará-las às cachoeiras que marcam parte da divisa entre Canadá e Estados Unidos. 

São 275 quedas, com alturas variando entre 60 e 80 metros e que se estendem por 2,7 quilômetros. Tudo assegurado pelas generosas águas do Rio Iguaçu, que nasce na parte paranaense da Serra do Mar e encanta o homem ao encontrar uma falha geológica que provoca o incrível espetáculo da natureza e sua energia vibrante

A imensidão de águas e a beleza natural apaixonam à primeira vista. E é difícil decidir qual a melhor entre o lado brasileiro e o argentino. (Para ajudar: o conjunto de cataratas está localizado entre o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e o Parque Nacional Iguazú, na Argentina, em uma área total de 250 mil hectares, na qual convivem animais em extinção, entre eles cerca de 100 onças, que os argentinos denominam de pumas.)

De Foz do Iguaçu se tem uma vista geral, linda e exuberante, e a que garante as melhores fotos e cenas cinematográficas. O encantamento se dá durante uma trilha de pouco menos de dois quilômetros, com alguns trechos em que o curioso não consegue escapar de um pequeno banho. E depois de tudo ainda se tem a oportunidade de cumprimentar Santos Dumont, isto é, a estátua que homenageia o visionário que convenceu autoridades a transformar em público aquele espaço que pertencia a um argentino.

De Puerto Iguazú se traz as melhores lembranças, pois tem roteiros ancorados em pontes para pedestres que asseguram uma verdadeira imersão nas diferentes quedas d'água. Ali a extensão total das trilhas chega a cinco quilômetros, os quais se percorre com naturalidade e um permanente deslumbramento. 

Você vai precisar de dois dias para a visita às cataratas, um para cada lado. Mas o passeio a Foz não se restringe a seu principal cartão postal. Serão necessários mais dois ou três dias para conhecer outras generosas atrações. Tem o Parque das Aves, com seus 1.700 quilômetros quadrados de pura preservação, abrigando mais de 2 mil aves de diferentes espécies (sem contar serpentes, jabutis e um viveiro de borboletas), muitas delas ameaçadas de extinção. Está aí, inclusive, um dos méritos deste parque privado, ao acolher animais apreendidos em transações de tráfico internacional.

O Marco das Três Fronteiras, com seu obelisco verde e amarelo erguido há 120 anos, é roteiro obrigatório por festejar e dar forma à convenção geopolítica que une Brasil, Argentina e Paraguai. E se festeja mesmo ali, junto ao obelisco, graças a uma estrutura turística acolhedora e agradável. Ao entardecer, depois de um pôr do sol digno como o que banha o Guaíba, um show de danças e músicas latino-americanas completa a alegria do dia.

E por último, mas não menos importante, há Itaipu Binacional, a obra espetacular fruto da engenhosidade humana que transmite energia - e aqui a referência não é apenas à hidráulica, que no caso abastece quase 80% da que é consumida no sócio Paraguai, mas aquela que flui de uma sensação de impacto ao vislumbrar aquela composição de água e terra e aço e concreto. Vale mesmo entrar para dentro deste gigante que consumiu aço e ferro suficientes para erguer 380 Torres Eiffel e concreto para 210 estádios do Maracanã. E ficar entendendo por que ostenta ainda o título de líder mundial na geração de energia limpa e renovável.

Então, se você ainda não foi a Foz... não perca mais tempo.

Autor
José Antonio Vieira da Cunha atuou e dirigiu os principais veículos de Comunicação do Estado, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente, o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, a Revista Amanhã e o Correio do Povo, onde foi editor e secretário de Redação. Ainda tem duas passagens importantes na área pública: foi secretário de Comunicação do governo do Estado (1987 a 1989) e presidente da TVE (1995 a 1999). Casado há 50 anos com Eliete Vieira da Cunha, é pai de Rodrigo e Bruno e tem quatro netos. E-mail para contato: [email protected]

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