Sobre olhar mais para os outros (e para a gente)

Por Cris De Luca

Nos últimos meses, tenho evitado ficar pensando no que está rolando de novidades em cursos, palestras e eventos no mercado da comunicação pra não ficar com aquela sensação de estar perdendo algo ou "atrasada".  No último final de semana, resolvi que ia dar as caras na Maratona Digital que aconteceu na UniRitter da Zona Sul. E também defini que, para dar conta da vida, iria apenas assistir a palestras que realmente me interessavam. Até porque depois que comecei a dar aula, o HD está quase sempre cheio e sendo renovado. 

Preparar seis aulas novas por semana faz isso com a gente. É aprender coisas diferentes o tempo todo  e rever conteúdos que a gente nunca imaginou que vai precisar rever (tipo a fórmula de báskara). E também é puro exercício de auto-conhecimento. Entender o que te deixa confortável ou não. O que ainda te instiga, te arrepia ou o que não mexe nadinha contigo. É aprendizado full time e isso tem me bastado.

E acabei me dando conta de uma coisa: as palestras que mais me interessavam tinham a ver com gente. Inclusive, me irritei com algumas falas falando sobre o ambiente da tecnologia e da automação de forma fria. Já que, na minha visão, estratégias digitais só funcionam se tu conheceres comportamentos, como é a forma de pensar das pessoas, ter empatia e enxergar as vulnerabilidades de cada um de peito aberto. É entender como a gente se coloca nesse contexto também.

Tem se falado tanto de priorizar a saúde mental, de autocuidado e autoconhecimento, mas pouco se vê falar sobre isso nesses grandes eventos de mercado. O que você tem feito para minimizar a cobrança dos e nos outros, a autocobrança, a responsabilidade que o mundo coloca nas nossas costas e peitos?

Ter "bagunçado" a vida de um ano pro outro de uma forma que eu não esperava, me ajudou nesse processo de me enxergar melhor e olhar para os outros com mais atenção e carinho, por mais que às vezes não pareça. E aí fiquei pensando se eu não poderia ter feito isso antes, sem ser na base da pressão. Aprender com os tropeços e as porradas, apesar de mais sofrido, sempre me pareceu mais simples. Tipo: agora que eu tenho que mudar na marra, então vamos lá.

Não que tomar decisões difíceis, abrir mão de projetos que a gente goste por não conseguir se dedicar como gostaria, demitir clientes e parceiros profissionais que não acrescentam e só te dão taquicardia, seja "de boas". Mas garanto para vocês que quando a gente se olha e se entende mais, se libera de algumas energias atravancadas, por melhor que fossem as intenções, logo a cabeça entra no lugar, a vida fica mais leve e as contas passam a ser pagas com algo que nos enche o coração e floresce a alma.

Tentem fazer esse exercício por aí e me contem depois. Mais uma vez garanto para vocês que vale muito a pena. <3

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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