Terça, 19h37, 30 de junho

Por Grazi Araujo

Comecei a escrever esse texto exatamente neste dia da semana, horário e dia do ano. Vivendo o home office há mais de três meses, cada dia mais consciente das mudanças que tudo isso está trazendo. Claro, sempre preferindo analisar e absorver o lado positivo do que está sendo vivenciado. Logo no início sabíamos que isso implicaria em muitos meses de novos hábitos e que quanto mais rápido nos adaptássemos, melhor seria para todos nós.

Os horários estão sendo a minha grande comemoração. Sou uma cabeça pensante em diferentes momentos do dia. Trabalhar com hora para começar e terminar é bom para um monte de coisas, mas tem vezes que a inspiração está no sofá da sala, no seriado, em uma conversa em casa. Daí, para quem não tem hora nem lugar para trabalhar, toda hora é hora. E isso não é um problema, desde que seja administrado da melhor forma. 

Eu nunca gostei de acordar cedo. Depois que virei mãe, meu sono nunca mais acumulou. A maioria das noites faltavam horas de olhos fechados. Eu sempre queria ficar mais tempo na cama depois de desligar o despertador. Hoje, acordo sem despertador! Durmo sem me preocupar em quantas horas de sono terei. Porque pode ser 23h30, a minha cabeça estar a mil e eu escrever um artigo, para exemplificar um tipo de ofício de uma assessora de imprensa. O que acontece é que a maioria das pessoas de comunicação já sabia que todo lugar é lugar e que não precisamos estar sentados atrás de uma máquina para produzir. Hoje, o assunto está em alta porque muitas outras profissões precisaram aprender a ser assim, a viver e conviver com o trabalho 24 horas do dia. E que bom! Muitos estão se descobrindo, se redescobrindo, conciliando antigas pendências - seja consigo, com os filhos, maridos, família, amigos, profissionais ou o que tivesse esperando por mais momentos bacanas juntos. 

Antes do meu apêndice me deixar um mês de molho, eu conseguia quase diariamente conciliar meus horários para malhar na sala de casa. Batia o cartão 18h30 na frente do espelho, com apetrechos em mãos para fazer de peso. Na antiga "normalidade", este horário eu geralmente estava no trânsito, no trajeto trabalho-escola. Para almoçar, o "normal" é fazer esta pausa entre 12h e 14h. Nestes novos tempos, a gente come quando tem fome! Até as crianças - quando maiores - se acostumam. E tá tudo certo. 

A rotina imposta pela vida cotidiana, que todos fomos criados e educados, muitas vezes era feita no automático. Acordar, sair pra trabalhar, pausa para almoçar, voltar para trabalhar, casa, banho, janta e cama. No meio disso, idas e voltas para escola. academia, uma volta pelo shopping ou um pulo em um novo barzinho. Mesmo de mãos atadas para muitas decisões, estamos mais livres para administrar a nossa própria rotina. Eu sempre fui muito grata pela vida vivida antes da pandemia, jamais imaginei ficar tanto tempo em casa, com os meus, comigo e com a organização do dia na minha mão. Torço para que tudo isso deixe um legado para que a gente evolua como ser humano, nas diferentes formas que temos ao longo de 24 horas. 

São 19h52. Eu não tirei o pijama, fiz duas reuniões virtuais de moletom e cara lavada, várias ligações e mensagens de trabalho ao longo do dia e um texto novo para a minha coluna desta quarta-feira. Home office, que bom ter você mais perto!

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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