Vamos mudar o mundo

      Deve ser muito legal estar em um mundo onde os teclados possam estar sobre os joelhos. Quero dizer sobre a maioria dos joelhos. Quando …

      Deve ser muito legal estar em um mundo onde os teclados possam estar sobre os joelhos. Quero dizer sobre a maioria dos joelhos. Quando os designers fizeram o desenho dos teclados, eles pensaram em ergonomia. E na liberdade do usuário ideal. O lema seria: estejam os teclados onde queiram seu donos. Porém, em nosso mundo, a maioria absoluta dos usuários utiliza os teclados, ergonomicamente estudados, para serem colocados sobre as mesas, em posição de 90 graus (ou quase isso) em relação à coluna vertebral, que, por sua vez, é flexível. Mas a gente vê jovens executivos, em catálogo de fotos, com os teclados no colo ou no chão. Conheço alguns ambientes de trabalho, principalmente em design gráfico, e é difícil encontrarmos as cenas dos tais catálogos. Mesmo que sejam sugeridas as possibilidades, as pessoas insistem em não buscar o seu jeito próprio de fazer as coisas. E esse jeito próprio é o motor do mundo. Pouquíssimas pessoas vivem assim, sem rasuras. Por isso, a saudosa época do filme Hair foi tão legal: porque o número assombroso de pessoas que faziam as coisas iguais umas às outras conseguia ser abatido pela força das pessoas que realmente se diferenciavam e ousavam pensar diferente. Para o design, a partir dali, muitas outras novas variáveis passaram a ser consideradas. A liberdade estava entre elas. Nesse caso, fica fácil ver o que mudou primeiro: se o design ou as forças coletivas.
      Mudanças são sempre bem-vindas. Mas na verdade, não são mudanças. São pessoas, pontos de vista, modos diferentes de experimentar. O design, às vezes, possibilita essas novas experiências. Outras vezes, o design é propulsionado pelas forças coletivas.
      Por exemplo: cada um, se pensar um pouco, tem uma revista dentro da sua cabeça, mas quantas são as diferentes dentre todas? Esta é a busca pelo design da diferença. Mas jamais da indiferença. Não há como evitar estarmos envolvidos em um mundo solidário. Design, história, política e cultura. Estamos sempre procurando um outro modo de viver para mudar o mundo.
       PS: Fiz essa clônica séria e preocupada para deixar os interleitores ocupados em relê-la durante minhas merecidas férias de dois ou três dias úteis. Volto a partir do dia 18 de fevereiro. Bom carnaval.
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