Variado sortido

Basta uma rápida ida ao supermercado para eu me sentir cansado. Mas não é de caminhar pelos corredores e empurrar o carrinho. É de …

Basta uma rápida ida ao supermercado para eu me sentir cansado. Mas não é de caminhar pelos corredores e empurrar o carrinho. É de escolher. As variedades de margarina (de tamanho de embalagem, light ou normal, com sal ou sem, etc), de biscoito (incontáveis fabricantes e tipos (recheado, sem recheio, com mousse, sem mousse, emblagens diferentes, inúmeros tipos), de papel higiênico (com ou sem perfume, com desenhos ou sem, mais suave ou mais áspero). E por aí vai, são tantos os itens com incontáveis variedades que eu ocuparia toda a coluna relacionando-os.
Alô, senhores fabricantes: variedade demais confunde e cansa, sabiam? Alguns aí dirão que é pelo pequeno número (uns seis, eu acredito) de neurônios que eu tenho. Pode ser. Mas já ouvi esta reclamação de várias pessoas mais inteligentes que eu. Assim, vou registrá-la.
As pessoas, quando vão ao supermercado, sempre estão com pressa. É uma tarefa cansativa, cá para nós. Está todo mundo querendo terminar logo as compras e voltar para a sua casa. Aí, a gente pára diante da prateleira de iogurte. Socorro! Help! S.O.S. Não dá para decidir, diante de tantos tipos, tamanhos e embalagens. Eu só queria um iogurtezinho, normal?
Ter uma quase infinidade de tipos obriga o consumidor a "perder tempo" diante das gôndolas. Primeiro, para identificar o tipo de produto que procura. Depois, para comparar entre os similares (esta parte é bastante complicada, pois quanto maior o número de versões de um mesmo produto, mais difícil, ou mesmo impossível, se torna a comparação). Finalmente, para decidir entre qual levar. Assim, compras que seriam feitas em 30 minutos podem ser acrescidas de mais uns 10 para escolhas.
Oferecer tantas variedades de fabricantes, tipos, embalagens e tamanhos gera stress no consumidor. Aquelas pessoas que fazem compras sorrindo e calmamente no super só aparecem nos comerciais de TV dos próprios supermercados. Na vida real, as pessoas estão com pressa, muita pressa.
Resumindo: sou pela redução de tantas variedades. Pronto, falei. Amanhã, vou ser bombardeado, chamado de antidemocrático, ditador, anticoncorrência, comunista. É óbvio que a concorrência é altamente saudável, pois ela possibilita o aumento da qualidade dos produtos, guerra de preços, etc. Não sou de jeito nenhum contra a concorrência nem pela economia planificada. Mas a concorrência também precisa ser limitada. As variedades deveriam ser limitadas. Ou, se não for possível, que impeçamos mais um fabricante de entrar no segmento de biscoitos recheados de chocolate, por exemplo, que os supermercados façam esta seleção. Eu pessoalmente acho que os órgãos governamentais deveriam, sim, limitar o número de fabricantes e variedades de produtos. Iogurtes? Biscoitos? No máximo x fabricantes com y variedades. Mais do que isto é demais, com o perdão do trocadilho. Não há mercado consumidor para tanta variedade. O ser humano é plural, não resta dúvida. Mas tem coisas muito repetitivas também, que são comuns a todos. E ficar inseguro diante de oferta excessiva é comum a todas as pessoas.
Para que não me acusem de estar criticando os supermercados, ressalto que é um fenômeno que ocorre em vários ramos. Roupas, por exemplo. Vá comprar uma camisa esporte: a infinidade de cores e modelos vai deixá-lo indeciso, pode apostar. E, finalmente, você poderá acabar levando algo que não era exatamente o que queria, movido pela ansiedade da indecisão (e vai ficar insatisfeito, o que será péssimo para a loja que vendeu) ou, ainda pior, não levará produto nenhum.
Apiedem-se de nós, pobres consumidores, senhores. Os nossos cérebros já quase pifam para tentar entender a realidade. Não conseguimos trocar nossos processadores cerebrais por mais modernos. Não conseguimos incluir mais memória RAM. Nossa capacidade é limitada. Ajudem-nos!
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