Venha sem máscaras

Por Grazielle Araujo

18/07/2018 16:45

Quando eu era mais nova, queria ser atriz. É sério, não é piada. Meu desejo era cursar Artes Cênicas e só não fui adiante porque meus pais não deixaram. ?Vai morrer de fome, guria.? Então, optei por Jornalismo, nada que tenha mudado muito o futuro financeiro. Mas acho que sou tão realizada como seria se tivesse escolhido a outra profissão.

Ao pensar no que escrever aqui nesta semana, me dei conta o porquê dessa vontade de interpretar. É que, na vida real, eu não sei fingir. Fica estampado na minha cara quando estou incomodada, por exemplo. Fica escrito no meu sorriso quando estou feliz, com as covinhas à mostra. Meu olhar fica um pouco perdido quando não consigo olhar no olho de outro alguém que o santo não bateu. Minhas rugas na testa são ? de fato ? marcas de expressão. Eu sinalizo, mesmo sem querer. Com filtro, obviamente. Porque não saber fingir nada tem a ver com falta de educação. Tenho um repelente natural que não deixa eu me aproximar ou criar intimidade com pessoas que não são transparentes, que estão sempre com a mesma expressão. Sorte a minha de ter pouca gente assim por perto.

Talvez seja um atributo dos comunicadores essa versatilidade. A gente costuma saber quando alguém não é tão de verdade. A ausência de expressão também comunica, como aquele olhar empalhado, sabem? O brilho no olho das pessoas mais puras também ilumina.

Sabe o que mais me chateia? O ato de fingir mostra que algo não está como você gostaria. E quem é o primeiro a se enganar? Você mesmo, tchê! Qual a razão de se iludir, então? As pessoas, geralmente, se dão conta. No final, ninguém sai ganhando. A consciência, o coração, a energia. Tudo isso é influência e consequência. Seria tão mais fácil se todos se permitissem, por exemplo, viver seus dias de TPM numa boa (os colegas podem até te levar chocolate se souberem). Ou então te deixarem quietinha no dia seguinte de uma noite anterior de insônia e ainda brindar alguma pequena alegria, mesmo que com uma xícara de café.