Marcelo Rech aposta na credibilidade do Jornalismo como cerne da profissão

Vice-presidente editorial do Grupo RBS foi responsável pela palestra de abertura do Diálogos ARI

Marcelo Rech, do Grupo RBS, fez a palestra de abertura - Divulgação/Coletiva.net

Para um público formado por cerca de 80 pessoas no auditório da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o vice-presidente Editorial do Grupo RBS, Marcelo Rech, foi responsável pela palestra de abertura do Diálogos ARI de Jornalismo, nesta sexta-feira, 25. Com cerca de uma hora de atraso no início das atividades, a explanação foi baseada em uma palavra central, que norteou a principal aposta do executivo para a área: a credibilidade. Segundo Rech, este é o principal ativo, maior apenas do que a informação.

Após agradecer o convite, o jornalista explicou que ser membro de entidades como a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e o Fórum Mundial de Editores (WAN-Ifra) permite que ele tenha contato frequente com veículos de todo o mundo, além de pesquisadores, professores e estudantes. E isso o faz perceber uma série de indagações para tentar entender o que está acontecendo, qual é o papel dos profissionais de imprensa e o que será daqui para frente.

Rech contextualizou o momento atual do Jornalismo como vivendo o fim das barreiras de entrada, com fragmentação das receitas, onde a Netflix não emprega ninguém no Brasil e o Facebook, uma meia dúzia, mas dividem o bolo publicitário com boa parte dele. Também destacou a competição ferrenha pela atenção das pessoas, além das desconfianças sobre o jornalismo profissional. "Nós vivemos no meio do acerto, e não do erro. E isso fez surgir as diversas agências de fact checking (chegagem)", observou, completando: "O grande desafio atual é encontrar saídas sustentáveis para administrar todos estes aspectos".

Ao afirmar que jornalista produz o bem mais escasso do novo mundo, que é a seletividade com credibilidade, Rech defendeu que o trabalho dos profissionais da área está cada vez mais focado em fazer a curadoria do conteúdo, filtrar as informações - usando de técnicas apuradas - e oferecer a tradução disso tudo. "Esse é o principal momento dos relacionamentos baseados na percepção de confiança, e precisamos conviver com isso."

Entre os aspectos que devem ganhar atenção do mercado, Rech salientou a percepção pública e de mercado sobre o jornalismo profissional; a valorização da técnica e ética profissionais e da independência como diferenciais; e a atuação pedagógica sobre o alto valor do jornalismo bem feito para a sociedade. "Também aposto em marcas como portos seguros de credibilidade, além de sermos o contraponto da informação sem certificado de origem", alertou.

Entre as tendências destacadas, ainda estiveram presentes na fala de Rech a necessidade de se ter duas velocidades no fazer notícias, uma para o factual das redes sociais e outra com mais densidade informativa. Também elencou a investigação como o grande diferencial da área e completou com o que chamou de "bom básico" - boa pauta, boa apuração, bom texto, boa imagem, bom roteiro, boa edição. Ou seja, para ele, a solução do mercado é "mais e melhor jornalismo profissional".

Para encerrar a palestra, o executivo deixou um recado aos presentes, em especial aos estudantes: "Faz 40 anos que comecei a faculdade de Jornalismo e continuo o mesmo apaixonado pela profissão que era nos bancos da universidade". Natural de Santa Cruz do Sul, a explanação de Rech teve a mediação da vice-presidente da Associação Riograndense de Imprensa, Cristiane Finger.

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