A população vive entre a frustração e a esperança

Num momento ímpar da história brasileira pós redemocratização, o país vive uma macro crise que tem suas bases em um tripé econômico, político e …

26/04/2016 17:02 / Atualizado em 06/05/2016 18:04
Num momento ímpar da história brasileira pós redemocratização, o país vive uma macro crise que tem suas bases em um tripé econômico, político e social e a principal pergunta que fazem ao IPO (Instituto Pesquisas de Opinião) centraliza-se na seguinte lógica: "como está o sentimento da população?" A análise desta questão embasa-se na cultura política da população brasileira, na ampliação do dúbio sentimento de frustração e esperança em relação a política e aos políticos, que iguala a todos os políticos ao mesmo sentimento depreciativo, à premissa popular de que "todos os políticos são iguais". No dia-a-dia, funciona da seguinte forma: a maior parte da população se sente frustrada com a política, com as denúncias de corrupção e com a malversação de recursos públicos. A população se sente desapontada com as promessas não cumpridas, com o serviço não realizado, com o enriquecimento ilícito dos agentes públicos que deveriam primar pelo bem comum e até com o descaso de alguns servidores públicos. Na percepção do eleitor a mais simples das ações do poder público está envolta de uma complexidade de dificuldades. Há uma frase corrente que permeia o senso comum do jeitinho brasileiro que apregoa que, no Brasil, "se cria dificuldade para se vender facilidades". Esta frustração que sempre foi intrínseca à cultura política da população ampliou-se a indicadores alarmantes, gerando percepções permissivas em relação a política e criando alertas e temores na classe política que observa que 95% dos gaúchos estão insatisfeitos com a política, não confiando nos partidos. E o eleitor sempre oscilou entre o sentimento de frustração que dividiu a cena com o seu sentimento oposto, a esperança. Neste momento, houve ampliação destes dois sentimentos, com uma tendência pró frustração. Ao mesmo tempo em que 95% da população está insatisfeita com o cenário de crises, 70% dos gaúchos acreditam em dias melhores e tem esperança em destinar o seu voto a um político, à pessoa de um candidato, dando-lhe um voto de confiança e renovando a esperança. Com a aproximação do processo eleitoral o eleitor descrente e frustrado fará a opção que achar mais correta, movido por um sentimento de esperança e escolherá o "melhor candidato" ou, no conceito da maior parte da população, escolherá o candidato "menos pior". E assim o ciclo se fortalece de forma mais intensa: o eleitor não confia nos políticos, se sente vitimizado por ser obrigado a escolher um candidato, ampliando seu sentimento de frustração. Como é obrigado a votar e foi educado pelos preceitos da moral e cívica, destina o seu voto na esperança de que está escolhendo a melhor opção.