O desrespeito ao que importa

No estudo nacional sobre Direitos Humanos realizado pelo IPO verificou-se que o direito social mais importante é o direito social mais desrespeitado. Os entrevistados …

08/11/2016 14:43 / Atualizado em 10/12/2016 10:59
No estudo nacional sobre Direitos Humanos realizado pelo IPO verificou-se que o direito social mais importante é o direito social mais desrespeitado. Os entrevistados foram questionados sobre os direitos sociais mais importantes e mais desrespeitados. O direito à vida é o direito civil mais importante para a população brasileira, considerado como o principal direito humano (83,8%). Para a população, o direito à vida está associado a garantia da segurança pública, mas prioritariamente, deve perpassar o direito a saúde pública. O direito social mais importante para os brasileiros é o direito a saúde (87,2%) e esse direito está associado diretamente ao direito a vida, direito mais elementar da era moderna. Trata-se do acesso a saúde pública, mas também do direito a tratamentos de saúde preventivos, alternativos e a uma política de planos de saúde justa. O contraditório é que no Brasil, o direito social mais importante (saúde 87,2%) é o direito social mais desrespeitado (saúde 84,9%), não é à toa que o tema é central nos sucessivos processos eleitorais.
                              A população argumenta que a garantia de seus direitos sociais é mantida pelo apoio da família (64,8%) ou por seu próprio esforço pessoal (37,0%). Na prática, a percepção da população é que o Estado não garante seus direitos sociais básicos, as condições estruturais oferecidas a população criam um sentimento contingencial de Estado mínimo, onde a população "cada vez conta menos com os serviços públicos". Quando a população é questionada sobre a fonte de conhecimento sobre seus direitos, a família volta ao centro da declaração (73,1%) contra 33,6% de importância da escola e professores. A análise do direito social mais importante e do direito social mais desrespeitado demonstra duas grandes lições: que a descrença da população em relação a política não está associada apenas a desesperança em relação a demagogia de políticos, antes a situação dos serviços públicos, em especial, a saúde pública do país. E que a capacidade de resiliência do brasileiro é a força motriz que está assentada na família, que é o farol que guia a população.