Quando a insegurança predomina, a segurança é a prioridade!

Hoje 80% dos gaúchos consideram a segurança como a prioridade, índice que se mantém em Porto Alegre e nas cidades da região metropolitana. Das …

25/10/2016 13:50 / Atualizado em 10/12/2016 11:01
Hoje 80% dos gaúchos consideram a segurança como a prioridade, índice que se mantém em Porto Alegre e nas cidades da região metropolitana. Das menores as maiores cidades, a segurança é o novo dilema da sociedade. Os gaúchos continuam reclamando dos problemas tradicionais como saúde, infraestrutura e educação, mas a segurança passou a ocupar o ranking dos medos e receios de forma permanente. A cada novo noticiário de violência, a cada nova tragédia, o medo e o receio da sociedade potencializam o tema, gerando problemas de ordem psicológica, de saúde pública e outras tantas mazelas. Por associação as tragédias cotidianas que não escolhem local, o temor se estabelece quando se para em uma sinaleira, quando se busca um filho na escola ou até mesmo no estacionamento de um supermercado. Para a população é como se os seus direitos básicos estivessem sendo limitados, como: a) direito a vida, b) direito de ir e vir e c) direito a propriedade. Quanto maior é a aculturação desta sensação de insegurança, maior será a mudança comportamental a ser observada na sociedade. Essa mudança pode ser percebida, antropologicamente, em várias situações: ? Auto toque de recolher: as pessoas passam limitar os horários de circulação, especialmente à noite. Os pais motivam os filhos a navegar na internet ou trazer a namorada para dormir em sua casa, diminuindo os riscos de exposição dos filhos a situações perigosas. ? Limitação de um perímetro: quanto maior é o conhecimento do ambiente, maior é a sensação de segurança da população, logo, as pessoas procuram circular nas ruas e bairros que possuem familiaridade, tentando manter a sensação de segurança a partir da relação com o ambiente. ? Diminuição dos adornos: Com a sensação de insegurança ampliada as pessoas com receio passam a evitar a exposição de joias, relógios, roupas de marcas e aparelhos eletrônicos quando transitam nas ruas. ? Segurando o inseguro: Como o direito à propriedade está sendo questionado, quando um assaltante com uma arma impõe a regra da "perda" consentida, a alternativa de manutenção da propriedade privada passa a ser a realização de seguros. Antes de pensar em comprar um carro, o cidadão pensa no seguro do carro. Diante da omissão do Estado, a população passa a desenvolver novas práticas de sobrevivência, buscando alternativas para driblar os riscos da "selva de pedra" dos centros urbanos. Cada um destes comportamentos influenciam o ordenamento da sociedade, causando mazelas que perpassam as relações sociais que se estabelecem em casa, na rua e na escola. Quanto maior o medo, maior é o individualismo e menor será o sentimento de solidariedade.