Em seu livro Manual inútil da televisão e outros bichos curiosos (editora Hedra), Paulo Henrique Amorim conta que depois da cobertura do enterro de Pablo Escobar, em Medellín, foi pra Bogotá e resolveu dar uma olhada na cidade. O taxista mostrou um bairro chique. Aí Amorim perguntou de que vivem os ricos, à espera, talvez ainda sob a influência de Escobar, de que o taxista respondesse: "Das drogas". Mas ele disse: "De los pobres, señor". Impressiona a clareza e poder de síntese desse taxista. Acho estranho, porque se a pergunta do Amorim tivesse sido feita ao sociólogo Fernando Henrique Cardoso e ao antropólogo Roberto DaMatta, por exemplo, eles não saberiam responder.
Quero meu país de volta Fernando Horta lembra, no GGN: em 2001, depois de sete anos de governo FHC, quer dizer, sete anos em que o neoliberalismo comeu frouxo, morria uma criança de fome no Bananão a cada cinco minutos. É, você leu certo: uma criança morria de fome a cada cinco minutos. Agora, com Temer e sua quadrilha, uma boa notícia pros paneleiros que exigiam seu país de volta: a ONU acaba de anunciar que o Bananão voltou ao mapa da fome.
Kafka e Moro Li que o processo do Moro contra Lula é kafkiano. Não, não. Nem todo absurdo é kafkiano.
- não sabe do que é acusado, nem os juízes sabem - sabem apenas que K. é culpado. Sim, porque a cada linha de O processo fica a impressão de que se você foi acusado, babaus. Qualquer semelhança com os raciocínios do senso comum não é mera coincidência.
- esperneia mas no fundo aceita a acusação. Na verdade, sua submissão é total, no fim, quando é executado. A abjeção de K. não difere da de Gregor Sansa.