Diretores falam da relação entre conteúdos editorial e comercial

Responsáveis pela Publicidade de Veja e pelo Jornalismo do SBT concordam que o equilíbrio é fundamental

Os diretores de Publicidade e Marketing da revista Veja, Rogério Gabriel Comprido, o Gabi, e de Jornalismo do SBT, Luiz Gonzaga Mineiro, participaram do painel "Relação Editorial x Comercial", uma promoção dos grupos de Mídia e de Atendimento de Veículos. Participou como coordenador do debate o diretor da Band RS, Leonardo Menegheti, que lembrou que o tema é sempre muito polêmico e que gostaria de poder se referir aos dois setores como "editorial e comercial, sem o "versus"". Gabi apontou que os limites entre esses conteúdos sempre foram bem definidos na Editora Abril e que todos os anúncios publicados pelas revistas do grupo devem ser coerentes com os padrões éticos das publicações, além de haver uma clara separação entre editorias e anúncios. Ele contou também que já vetou diversas peças comerciais que copiavam o layout de Veja, por romperem esse limite.


Para Gabi, há alternativas que permitem aos anunciantes uma diferenciação, como os informes publicitários em forma de encarte. Disse que quando Veja faz matérias alusivas a algum produto recebe inúmeras reclamações de que a revista estaria vendendo espaço editorial, o que segundo ele não acontece. Mas lembrou também que, quando algum anunciante é criticado em reportagens, a primeiro ação é deixar de anunciar no veículo. Ele acredita que uma boa maneira de otimizar a relação entre jornalismo e comercial é criando patrocínios para ações, como as de convergência. Citou o caso da própria Veja, que, com o patrocínio do HSBC, oferece a coluna Radar, de Lauro Jardim, na internet, por SMS e podcast, sempre com a assinatura do apoiador.


Mineiro fez uma apresentação que divertiu a platéia, contando muitos "causos". Ele disse que, "conforme o mundo se globaliza, a informação se regionaliza, mas essa comunicação ainda é precária, porque a verba publicitária não foi regionalizada democraticamente". Para o jornalista, os anunciantes devem ser os grandes parceiros nesse processo, afinal são eles que mantém o telejornalismo. "O comercial é o patrão, é quem paga", afirmou. Mineiro disse que há duas ditaduras na TV: a da audiência e a de conteúdo. Ele entende que, embora a audiência seja importante, é o conteúdo que gere o telejornalismo e que a audiência se conquista com credibilidade.


O profissional entende que está cada vez mais difícil fidelizar o telespectador porque essa imagem de observador "morreu", ele virou cliente, com capacidade de mudar de canal a um clique. "Ele não assiste os telejornais para se informar, mas para saber como cada programa abordará os assuntos que ele já viu na internet. Por isso, não podemos falar de passado, mas projetar as notícias para o futuro", constatou. Quanto a espaços comerciais, Mineiro acredita que em telejornalismo só se pode vender no break, pois merchandising não combina. "Imagina a Ana Paula Padrão com um bonezinho do anunciante", brincou. Em contrapartida, lembrou que a imagem da apresentadora rendeu um belo contrato comercial com a Avon, que via em Ana Paula o perfil admirado por suas consumidoras.


Antes de encerrar, o diretor do SBT fez uma ponderação sobre a responsabilidade social da televisão. Ele entende que, por ser uma concessão pública, esse meio tem a função de informar e entreter e não de educar. "Mas já fazemos um grande serviço quando não deseducamos", avalia. Para ele, o mercado publicitário também tem uma função essencial no incentivo desse papel social.

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