Painel em Cannes debate futuro da masculinidade

Participantes defenderam que marcas e agências terão de se reinventar para sobreviver

Divulgação/Coletiva.net

Por Cleidi Pereira, enviada especial de Coletiva.net

Orgulho, poder, domínio. Se você associa estas palavras a características masculinas, trate de esquecê-las. O principal recado para marcas e agências do painel intitulado 'A morte da masculinidade e o seu impacto na criatividade', que ocorreu nesta segunda-feira, 18, no Cannes Lions, não poderia ser mais claro: é mudar ou morrer. "Todo mundo está pensando nas questões relacionadas às mulheres, mas e quanto aos homens?", questionou logo na abertura a futurista norte-americana Faith Popcorn, que conduziu o debate.

Para o professor de sociologia e estudos de gênero da Stony Brook University Michael Kimmel não é possível empoderar as mulheres sem envolver os homens, que ainda detém 88% do poder no mundo. Segundo ele, o que está acontecendo é um processo de transição provocado pelo abismo entre o comportamento e a ideologia masculina. "Os anúncios antigos buscavam compensar o que você não tem. Os novos anúncios são sobre expressar o que você tem", disse.

É esse contexto que, segundo os painelistas, exige que a indústria criativa faça uma autocrítica, o que vem ocorrendo, mesmo que lentamente. Um exemplo disto é a mudança nos anúncios da Axe. Se, no início dos anos 2000, as peças focavam no potencial sedutor da fragrância do desodorante, o comercial lançado no fim do ano passado mostrava que não há nenhum problema com o fato de um homem chorar, sentir medo ou gostar de gatos.

Apesar de reconhecerem avanços, os debatedores criticaram a forma como as marcas e produtos ainda reforçam estereótipos de gênero que, ao contrário do sexo (biológico), seria resultado de uma construção social. Mãe de três meninas, Amy Nelson, fundadora da The Riveter, questionou a divisão de roupas e brinquedos como femininos e masculinos. "Todas as crianças deveriam ser educadas para serem corajosas, cuidadosas e boas." 

"O futuro das marcas é não ter gênero?". Essa foi uma das perguntas que ficou no ar. Se a masculinidade e a feminilidade darão espaço ao 'ser humano', como defenderam os painelistas, é possível que a resposta seja sim.

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