Bobagens bilaterais

Por um lado, os xifópagos privam de tudo entre si. Por outro, não têm privacidade alguma. Por um lado, o geômetra é cartesiano. Por …

14/08/2015 19:37 / Atualizado em 18/11/2015 15:43
Por um lado, os xifópagos privam de tudo entre si. Por outro, não têm privacidade alguma. Por um lado, o geômetra é cartesiano. Por outro, tem suas facetas. Por um lado, o prisma é um objeto discreto e incolor. Por outro, é o próprio orgulho gay. Por um lado, o filósofo parte de qualquer premissa. Por outro, não chega a lugar algum. Por um lado, o pêndulo faz tic. Por outro, faz tac. Por um lado, a esquina é sólida, rígida, imóvel. Por outro, nós a dobramos. Por um lado, o indeciso está em condições de hesitar. Por outro, é capaz de vacilar. Por um lado, os antípodas estão no outro hemisfério. Por outro, somos sua recíproca neste aqui. Por um lado, a ampulheta derrama prazos. Por outro, escorre pressa. Por um lado, Mauritius Cornelius Escher desorienta. Por outro, guia nossa gestalt. Por um lado, o Minotauro não sofria de claustrofobia. Por outro, Teseu não tinha labirintite. Por um lado, o palíndromo é leitura ocidental. Por outro, também se lê à maneira oriental. Por um lado, a pilha é positiva. Por outro, é alcalina. Por um lado, o estrábico concorda com o seu interlocutor. Por outro, diverge. Por um lado, o pára-brisa não para. Por outro, nem brisa. Por um lado, um ambidestro pode ser inábil com as pessoas. Por outro, um maneta pode ter destreza social. Por um lado, o marido é o último a saber. Por outro, é o primeiro a ser enganado. Por um lado, o ioiô é inércia pura. Por outro, é puro ócio. Por um lado, o morcego troca o dia pela noite. Por outro, inverte o sono. Por um lado, o bumerangue é controlável. Por outro, é indescartável. Etc.  

ENQUANTO ISSO, NUMA EMPRESA QUALQUER

 
 

No tom da notícia

(Depois de você sabe quem) Olha que coisa mais finda Mais feia na praça É ela, a chacina Que vem e trespassa Uns doze, balaços a caminho do mal Poça do corpo furado Ao sol sem poema Um justiçado já é mais que uma pena E a corja vai rindo, vai sem pesar Ah, porque tanto tiro Ah, porque tudo é tão rifle Ah, a baixeza que exibe A baixeza que não é sozinha Que também trucida velhinhas Ah, se a Morte soubesse Que quando ela caça O mundo, sol indo, só teme desgraça E fica mais findo Por causa da dor