Por conta da inadimplência das contas, a Feira do Livro deste ano vendeu menos. E por conta das ofertas nas caixas dos sebos, os títulos e autores mais mexidos por mãos curiosas e mais mixados por mentes nebulosas foram os seguintes: O Morro do Tempo e o Vento Uivantes, de Érico Bronté. O Alienista de Bagé, de Luis Fernando de Assis Seis Personagens em Busca do Tempo Perdido, de Luigi Proust Enterrem meu Coração na Curva das Trevas, de Dee Conrad A Divina Comédia Humana, de Honoré de Alighieri Dona Flores do Mal e Seus Dois Maridos, de Jorge Baudelaire A Ilustre Casa Assassinada, de Lúcio de Queirós Crime e Castigo na Rua Morgue, de Edgar Allan Dostoievski O Som do Trovão e a Fúria, de William Bradbury As Viagens de Gulliver ao Redor do Meu Quarto, de Xavier Swift O Estrangeiro no País das Maravilhas, de Lewis Camus Grandes Sertões e Esperanças, de Guimarães Dickens Tristes Trópicos de Câncer, de Lévi-Miller O Apanhador nas Vinhas da Ira, de J. D. Steinbeck O Velho e as 20.000 Léguas Submarinas, de Jules Hemingway Como Era Verde Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Liewellyn O Homem Sem Qualidades Que Calculava, de Malba Musil Éramos Seis Mosqueteiros, Maria José Dumas O Pequeno Polegar e a Pata da Gazela, de Charles Alencar Etc. |
? quando dias atrás o Lula comentou que "se Obama fracassar, levará séculos para outro negro ser eleito presidente dos EUA", correu um sério risco de ouvir do americano a resposta óbvia: se Lula fracassar, levará prazo igual para outro operário ser eleito presidente no Brasil. |
Como no país dos latifúndios improdutivos em não se plantando nada dá, a não ser reforma ortográfica, repito aqui liçõeszinhas já semeadas na aridez do solo portuguesístico. De nada. Por um lado, a veemência n?o faz parte do argumento. Por outro, a ignorância faz. De um lado, o tirocínio com idéias; de outro, o morticínio delas. Lado a lado, as figuras de linguagem e a linguagem das figuraças. E ladeando tudo, informaç?es desenformadas. Ou desinformações enfurnadas, sei lá. Afira o que fere o ouvido, confira o que difere do entreouvido, afora o que interfere no duvido. S?o as minhas figuras de estrilo. Hipérbole n?o é uma parábola descomunal. Ilaç?o n?o é exclusividade entre associados. Cacófatos n?o s?o estilhaços factuais. Metonímia n?o é uma ignomínia invertida. Paranomásia n?o é a amante do Padre Quevedo. Alegoria n?o é irritaç?o cutânea simbólica. Catacrese n?o é procurar crise na crase. Sinédoque n?o é um cinema num cais. Onomatopéia n?o é a prosopopéia da centopéia. Sinestesia n?o é a dormência do pensamento. Antítese n?o é o oposto da vida acadêmica. Perífrase n?o é um atalho entre dois sentidos. Gradaç?o n?o é pôr barras de ferro na ênfase. Disfemismo n?o é o avesso do machismo. Apóstrofe n?o é um poeta na Santa Ceia. Elipse n?o é tapar o sol com um clip. Assíndeto n?o assina, n?o assinala, n?o sinaliza. Hipérbato n?o é estalar a língua no céu da boca. Anacoluto n?o é a incompreens?o da morte. Anáfora n?o é uma moringa grega. Anadiplose n?o é lipoaspiraç?o no texto. Diácope n?o é um infarto do diácono. Epístrofe n?o é uma missiva rimada. Assonância n?o é afonia em vale de eco. Aliteraç?o n?o é alteraç?o entre literatos. Silepse n?o é a sinopse de uma sinapse. Raciocinar n?o é racionar um pouco além Tergiversar n?o é regurgitar um poema. Etc. |
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14/11/2008 00:00