Medidas desmedidas

A vida passa e a gente a mede do jeito menos expressivo que há:relógios e calendários podem ser insuficientes para determinardiferentes períodos, fases e …

18/11/2013 00:00
A vida passa e a gente a mede do jeito menos expressivo que há: relógios e calendários podem ser insuficientes para determinar diferentes períodos, fases e etapas de uma trajetória. Se se usar percepção nos atos e imaginação nos fatos, a cronometragem não precisa ser anual, mensal, semanal, diária ou horária. Assim:  Foi escritor durante um livro e meia dúzia de leitores.  Traiu maridos por nove guarda-roupas e um parapeito no vigésimo andar. Trabalhou como torneiro-mecânico durante um mindinho e como fresador durante um antebraço. Fez carreira política ao longo de três mandatos municipais, dois estaduais e uma CPI. Bateu na mulher por sete filhos e uma revolta dos vizinhos. Transou sem riscos por incontáveis camisinhas de qualidade e uma com falha do controle. Sobreviveu desempregado durante oito planos econômicos, 31 protestos e um desacato à autoridade. Trabalhou na construção civil ao longo de 403 andaimes e uma roldana com defeito. Foi pedestre durante centenas de faixas de segurança e um motorista sem habilitação. Se alimentou do lixo por muitos bairros ricos e um atirador anônimo. Brincou no decorrer de uns quantos parques sossegados, várias pracinhas tranqüilas e um pitt-bull sem focinheira. Lecionou na periferia por 4.217 alunos esforçados e um canivete numa mochila. Foi caixa de confiança ao longo de dez empresas e uma ocasião propícia. Etc.  
Se os mensaleiros forem realmente pra cadeia, aí mesmo que os  demais presos jamais irão se regenerar.
Predadores: tai a melhor mão-de-obra disponível para depredar pedreiras.
Mensalão, o maior escândalo da história brasileira? Melhor aguardar a próxima edição do Guinness Book.
  Quadrinha presa na ampulheta. Quando eu era o que não sou agora eu era um que hoje já não sou mais Fui outro antes de mim e de outrora um que amanhã será de tempos atrás.  
Água oxigenada no leite. A fiscalização no transporte é tão frouxa que vão acabar culpando alguma vaca loura.
Assim que desce pela garganta, a água deixa de ser potável.
Há bilhões de anos chove torrencialmente no planeta. Mas a cada temporal, a administração pública reage como se fosse a primeira vez.
 

 

O índice de natalidade cai e a mortalidade infantil diminui. Em 20 anos o RS será um asilo.
A imortalidade deve ser algo muito bom e tranquilo. Mas, e depois?
    Decálogo de coisa nenhuma.   I Onde impera o nada, nem imperativos há. II Se nada cabe em parte alguma, o resto não tem cabimento. III Nada é igual a nada, por isso nada se parece com nada. IV Nada mais nulo que o nada, a não ser mais nada. V Nada pode ser descrito. Basta não descrevê-lo. VI Nada contém nada. Então, continente e conteúdo nada são. VII Nada demais é sempre muito nada. VIII Nada pesa. Pese o nada e confirme. IX Nada leva a nada. Assim nada se desloca. X Nada é eterno. Logo, a eternidade também é nada.  
Para aliviar os leitores do excesso de informação hoje em dia, esta frase nada informa.