(Sobre o poema de Vinícius de Moraes) De repente nas ruas fez-se o deserto Ameaçador e escuro como os vultos E das bocas mudas fez-se os sustos E das mãos ao alto fez-se seqüestros De repente da farda fez-se ausência Que dos olhos desfez o patrulhamento E do camburão fez-se estacionamento E do crime comum fez-se ocorrência De repente, não mais que de repente Fez-se o quartel esconderijo policial E sem pensar se desfez o contingente Fez-se do vigilante próximo o distante Fez-se da vida um risco governamental De repente, não mais que de repente. |
Para os albinos, casa com excelente orientação solar é aquela com sombra a maior parte do dia. Para os moradores do agreste, previsão de tempo bom é a que anuncia chuvas por longos períodos. Para os hidrófobos, a escassez de água é como um oásis. Para os deficientes auditivos, a Sinfonia Inacabada de Schubert e o Moto Perpétuo do Paganini são do mesmo tamanho. Para os eunucos, um harém é tão apetitoso quanto um osso para um cão desdentado. Para os diabéticos, um açucareiro é a coisa mais amarga que existe. Para os sem-teto, os automóveis no viaduto são como ratos num sótão. Para os céticos, as más no tícias dos jornais são as únicas que merecem atenção. Para os daltônicos, monocromia é algo visualmente tão bonito quanto a policromia. Etc. |
Soneto da insegurança pública
(Sobre o poema de Vinícius de Moraes) De repente nas ruas fez-se o deserto Ameaçador e escuro como os vultosE das bocas mudas fez-se …
23/05/2008 00:00