Cerca de 50 pessoas lotaram uma sala no prédio C da ESPM-Sul na manhã deste domingo, 25, para ouvir o que o publicitário André Chaves, do projeto Papel & Caneta, tinha a dizer. Na palestra 'Como não se abater pela realidade da indústria da propaganda', ele apresentou alguns dados do setor, contou sua trajetória e explicou sobre a iniciativa criada em 2014.

A luta contra o ego presente nas agências de publicidade é a grande proposta do coletivo. Por isso, André logo avisou que o Papel & Caneta não trabalha com ONGs: "Esse tipo de trabalho sempre busca os prêmios como resultado". Dessa forma, o coletivo se envolve com questões que têm o objetivo de melhorar o ambiente nas empresas do ramo. "Não dá mais pra esperar. Seja criando uma planilha para combater o assédio, seja criando um ppt para enfrentar o racismo", enfatizou.

Ao final, deu algumas dicas para incentivar a mudança e destacou três delas: Não espere até que o mercado mude, não tenha receio de ser julgado e não espera que as pessoas segurem sua mão. Peça ajuda e construa uma rede de apoio, mas entenda que cada pessoa está em suas próprias batalhas".  

Neste ano, voltou à tona uma lista de depoimentos anônimos de como é o clima nas agências de todo o Brasil. A iniciativa foi sua e a proposta foi dar voz aos profissionais que não viam como possibilidade falar abertamente sobre assuntos como assédio, preconceito e racismo, por exemplo. "Foi uma forma que encontramos de para a fim de deixar um legado para a próxima geração", explicou, ao mencionar que a planilha expõe a crise de trabalho nessas empresas: 29% de respostas são positivas e 71% negativas.

Em sua apresentação, apresentou alguns vídeos para ilustrar a realidade das agências e outros para mostrar ideias criativas que visam a melhorar esse panorama. Sobre a pergunta que norteia a palestra - 'Como não se abater pela realidade da indústria da propaganda' - ele mesmo respondeu: "Tem que se abater mesmo. Pois quando a gente se abate, a gente sente o problema. Assim, reconhecemos e fazemos algo sobre ele".

André complementou dizendo que "se tu não és parte do problema, tu és parte da solução, e cada dia mais gente tem ideia e quer se redescobrir, apresentando-se como solução". Natural de Aracaju, André entrou na universidade em 2007 e, em 2012, criou o Grupo de Planejamento. Em uma crise de identidade, foi para São Paulo para tentar se conhecer e ser reconhecido. O projeto Papel & Caneta foi reconhecido mundialmente em 2018.

A equipe de Coletiva.net, em parceria com o Multiverso IPA, acompanhará toda a movimentação do evento. Com apoio do Grupo RBS e Sicredi, jornalistas e estudantes alimentarão o portal e as redes sociais durante os dois dias do FT 2018.