Coisas que a faculdade não ensina

Atualmente não sei quantas cadeiras são destinadas à assessoria de imprensa na grade curricular de jornalismo, mas na minha época, tive apenas uma. E …

06/11/2015 17:20 / Atualizado em 17/11/2015 10:19
Atualmente não sei quantas cadeiras são destinadas à assessoria de imprensa na grade curricular de jornalismo, mas na minha época, tive apenas uma. E pelo que parece, ainda segue assim. Um grande mestre foi meu professor e ensinou coisas que levo comigo até hoje. Porém, o mínimo de horas não é suficiente para ensinar o que, na prática, de fato temos que aprender. Talvez nem tenha mesmo como ensinar, só vivenciando para ir agregando certas "competências". Já tive algumas oportunidades de conversar com alunos sobre isso e de tentar contar um pouco de tudo que nos envolvemos. Essa dinâmica é enriquecedora e vai além do que os livros ensinam. Assessor de imprensa é um pouco de professor de português, que se preocupa com cacoetes de expressão, com pronúncias equivocadas e até mesmo com o "nome artístico" do seu assessorado. Porque me desculpem quem usa, mas não vejo a menor necessidade de ter creditado nome e todos os sobrenomes, isso quando não há nomes conjuntos. Personal stylist também é uma de nossas atribuições, que com todo o cuidado do mundo, quando necessário, temos que interferir no nó da gravata, na meia-calça rasgada, no cabelo despenteado, no botão do terno e na postura ao sentar. E acreditem, nós só queremos o bem dos nossos assessorados. Nos preocupamos com a qualidade das respostas nas entrevistas, com o tom de voz, com o "não deslumbramento" da exposição e com o exato pensamento do assessorado na hora de redigir artigos. Lidamos com o cuidado para que o olhar seja direcionado para o repórter e não para câmera, para que a fala tenha uma distância de um palmo do microfone e com o cenário apropriado para fotos. A intimidade e a liberdade de poder contribuir com tudo isso que citei acima - além de muitas outras tão corriqueiras - só pode dar boa coisa. Para isso, a relação assessor-assessorado não precisa de melindres, deve ser desapegada de vaidades e sempre, eu disse sempre, ser sincera e recíproca.