Prefiro a metade cheia do copo

Esse tal de jornalismo denúncia diário tá ficando chato já. A disputa pela audiência, pela polêmica e por contar histórias tristes está tomando uma proporção desnecessária. E o que mais me causa tamanha indignação são aqueles que só olham o lado vazio do copo. É preciso informar. É preciso falar a verdade. Mas também é preciso que essas posições sejam feitas com clareza e sinceridade. Acompanhei dia desses um repórter abordar algumas pessoas pra questionar sobre determinado serviço. Certo de que a resposta seria negativa, ele não conseguiu disfarçar a decepção ao ouvir o primeiro entrevistado dizer que estava super satisfeito e nada tinha a reclamar. Não contente, ao ligar o microfone para gravar o depoimento, fez perguntas tendenciosas e diferentes das questionadas em off, incentivando a resposta negativa. Após isso, só fechou a pauta ao conseguir declarações ruins. Não contive minha indignação e expus ao tal veículo a cena que presenciei. Quando publicada, a entrevista positiva também foi veiculada. Quero acreditar que de nada influenciei na tomada da decisão da edição, apesar de desconfiar que seria um pouco diferente sem a minha intervenção. Tomara que não, porque o jornalismo precisa contribuir e evoluir nestas questões. Estamos fartos, como sociedade, de sermos informados das metades vazias. Porque pautas positivas não podem gerar audiência? Ouso dizer que teríamos um cenário social e econômico mais favorável. Que as pessoas teriam mais fé e vontade de mudar. Espero, do fundo do coração, que eu não seja mal interpretada ao escrever sobre isso. O que está errado, precisa ser dito. Mas tem muita coisa boa rolando por aí que ninguém coloca no holofote ou que não entra na pauta dos nossos veículos de comunicação.