Abraji avalia agressões a jornalistas em contexto político-eleitoral

Entidade registrou 156 casos no último ano

Números foram citados em relatório da ONG Human Rights Watch - Reprodução

O último ano, marcado pelo contexto político, partidário e eleitoral, inspirou um levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) sobre violência a jornalistas e comunicadores. A entidade registrou, em 2018, 156 casos, sendo 85 ataques por meios digitais (com 69 profissionais afetados) e outros 71 casos físicos (com 66 atingidos). Em 2019, já há o registro de duas jornalistas de diferentes veículos, atacadas nas redes sociais depois de manifestar desagrado com as condições de trabalho da imprensa durante a posse do presidente Jair Bolsonaro.

Estes números foram citados no relatório anual da ONG Human Rights Watch, divulgado na última semana, ao falar sobre o Brasil. Ainda de acordo com a Abraji, a maior parte das ocorrências físicas está relacionada à cobertura de manifestações ou de eventos de grande repercussão ligados às eleições. Um deles aconteceu quando um ônibus no qual viajavam 28 jornalistas foi atingido por tiros quando do acompanhamento da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Rio Grande do Sul. Entre os casos digitais, a maioria (91%) é de exposição indevida de comunicadores, quando os agressores compartilham fotos ou perfis, acusando os profissionais de serem de esquerda ou de direita, e incentivando ofensas em massa. As agressões ocorrem em especial no Twitter e no Facebook.

Para a entidade, um dos casos mais relevantes foi o da jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, que foi vítima de ataques direcionados nas redes sociais. As ações começaram após a publicação da matéria "Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp". A repórter também teve sua conta no WhatsApp hackeada e mensagens pró-Bolsonaro foram enviadas a alguns contatos.

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