Cinco perguntas para Juan Domingues

Jornalista e professor, ele apresentou sua tese de doutorado recentemente no Canadá

1.    Quem é você, de onde veio e o que faz?


Eu nasci em Uruguaiana, em 1965, e vim para Porto Alegre ainda bebê. Aqui, me criei no bairro Petrópolis, onde tive uma infância bem diferente da infância da era da imagem, do Ipod, do 3D e da alta definição. Nosso negócio era ficar na rua, em frente de casa. Meus amigos de infância são meus amigos até hoje. Cada um num canto, mas, de alguma maneira, próximos.
Tinha amigo meu que já sabia o que queria ser. Eu não. Não tinha em mente ser jornalista. Mas o destino me colocou dentro de um laboratório de fotografia na Unisinos, onde fui buscar uma namorada que estudava Publicidade. Quando vi aquele salão escuro, cada um no seu ampliador revelando fotografias - sim, um dia tivemos de revelar imagens em papel -, fiquei alucinado. Saí dali decido que queria trabalhar com fotografia. Conversei com o professor naquele momento e decidi ouvir o conselho dele: "Acho que tu leva mais jeito para jornalista do que para publicitário". Daquele laboratório até hoje são 24 anos de Jornalismo (quatro de Unisinos).
Trabalhei em muitos lugares, mas destaco meu trabalho na mídia diária. Fui repórter do NH, da Zero Hora, do Jornal de Brasília e editor de esportes do clicRBS. Atuei nas editorias de Geral, Polícia, Economia, Rural e Esportes. Fiz trabalhos esporádicos nas editorias de Política e Mundo. Depois de um tempão no mercado, decidi estudar novamente. Fiz especialização, mestrado e doutorado. Dei aula na Unisinos e, desde 2008, dou aula na Famecos.
2.    Como foi a experiência de apresentar sua tese no Canadá?

Incrível. Eu queria viver uma experiência como essa, embora soubesse que não seria tão fácil. De fato, não foi. Mas se não achasse que tivesse preparado, certamente eu não teria tentado. Inscrevi meu trabalho em 2011 e ele acabou sendo selecionado para a sétima edição da Conferência Internacional de Estudos em Jornalismo Literário, em Toronto. O evento é promovido pela Associação Internacional de Estudos em Jornalismo Literário, um grupo enxuto de grandes professores que atuam na área, como Norman Sims, Bill Reynolds, John Pauly, David Abranhamson. Em Toronto, havia cerca de 70 participantes de 27 países.
3.    Qual foi o motivo de estudar Jornalismo Literário?

Sempre gostei de textos jornalísticos de profundidade. Embora tenha consciência da nova ordem textual, que nos imprime a velocidade e a pressa do mundo online, ainda acredito no texto amplo, na descrição, nos labirintos do detalhe. E o Jornalismo Literário é o grande universo dessa narrativa densa, rica em pormenores e em cenas dramáticas, típicas do Novo Jornalismo. Gosto disso. Mas isso não significa que não seja um crítico da área. Gosto, mas também critico os exageros. O limite entre a ficção e o fato no,
Jornalismo Literário, é a discussão que me atrai. É disso que se trata a minha tese. E esse limite também foi exaustivamente debatido em Toronto.
4.    O que todo professor de Jornalismo precisa saber?

Precisa saber que nunca sabe o suficiente. Ser professor é compreender que o conhecimento deve ser sempre renovado, ampliado, oxigenado.
5.    O que mais lhe dá prazer na profissão?

Escrever.
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